Recém-saído do hospital, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou nesta quarta-feira (7), em Brasília, uma manifestação que exigiu anistia para os seus apoiadores condenados pelos ataques na capital em 2023.
O líder da extrema direita está inabilitado politicamente e vive a expectativa do seu julgamento por um suposto plano golpista após ser derrotado nas eleições de 2022.
Do alto de um caminhão, Bolsonaro saudou centenas de apoiadores, a maioria vestindo verde e amarelo. Eles se concentraram a cerca de 3 km da Praça dos Três Poderes, para “uma caminhada pacífica” até o Congresso, um dos prédios vandalizados nos ataques.
Segundo a acusação, os ataques de 8 de janeiro de 2023 foram a “última esperança” da trama liderada pelo ex-presidente, que pode pegar até 40 anos de prisão.
Naquele dia, milhares de manifestantes vandalizaram o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, enquanto pediam intervenção militar para derrubar Lula, uma semana após sua posse.
“Agora os patriotas estão presos por quê? Injustamente (…) Tem que soltar tudo. Anistia a todos”, declarou o soldador de 46 anos, um dos primeiro à chegar na Torre da TV de Brasília, ponto de partida do ato.
Quase 500 pessoas foram condenadas por envolvimento nos distúrbios, das quais pelo menos 223 cumprem penas de 11 a 17 anos de prisão. A mais emblemática delas é uma cabeleireira condenada hoje a 14 anos por escrever em uma estátua com batom.
Os bolsonaristas consideram Débora Rodrigues, 39 anos, um símbolo da perseguição judicial contra eles. Na caminhada, manifestantes exibiam batons gigantes.
“Essas condenações pesadas a patriotas inocentes são um absurdo”, afirmou no Instagram o pastor evangélico Silas Malafaia, um dos promotores da manifestação.
O Partido Liberal de Bolsonaro promove, sem muito sucesso, um projeto de lei para conceder anistia a “todos os que tenham participado de manifestações em qualquer lugar do território nacional” após 30 de outubro de 2022.
“Temos que pressionar deputados e senadores porque pertence exclusivamente ao Congresso Nacional dar anistia”, disse Malafaia, referindo-se a um Parlamento de maioria conservadora.
Bolsonaro, que espera disputar as eleições de 2026, apesar de estar inelegível até 2030 por questionar o sistema de votação, diz que não será beneficiado pelo projeto de lei de anistia, ao contrário do que dizem seus detratores.
O texto abrange “crimes políticos ou praticados com motivação política”.
Segundo Malafaia, a manifestação terá um público menor do que outros eventos públicos bolsonaristas.
“Para a gente poder fazer uma manifestação gigante precisamos de 30 ou 40 dias e a gente não tem tempo para isso”, disse o pastor.
Em abril, Bolsonaro reuniu uma multidão em São Paulo para apoiar a anistia. Seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estimou o público em cerca de “um milhão de pessoas”, mas a Universidade de São Paulo o calculou em 45 mil.
Em março, um evento semelhante atraiu cerca de 18 mil pessoas no Rio de Janeiro, segundo a mesma instituição.
Uma força policial será dedicada exclusivamente a acompanhar a manifestação ao longo de seu percurso, informou a força à AFP.
O Supremo Tribunal Federal, alvo constante de ataques de Bolsonaro, anunciou “medidas de reforço” em sua sede durante a manifestação.
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