15/07/2024 - 19:58
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atuou para proteger o próprio filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), na investigação do caso das rachadinhas. É o que aponta o áudio de uma reunião entre Bolsonaro, o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem e advogadas de Flávio divulgado nesta segunda-feira, 15.
+ Bolsonaro diz em áudio que Witzel pediu vaga no STF em troca de apoio no caso das rachadinhas
No encontro, Bolsonaro disse que conversaria com Gustavo Canuto, então presidente do Dataprev. Ele lembrou que Canuto foi ministro de Desenvolvimento Regional e que seria “fácil” conversar com ele.
“É o zero um dos caras. Ele foi ministro meu e foi pra lá. Sem problema nenhum. Sem problema nenhum conversar com ele. Vai ter problema nenhum conversar com o Canuto”, afirmou.
Mais a frente, o ex-presidente sugere às advogadas o agendamento de uma reunião com Canuto para falar sobre o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Em seguida, ele emenda que falaria com o ex-ministro e com Flávio Bolsonaro.
“[Vamos] fazer uma coisa. Vocês querem falar com quem amanhã? Canuto?”, questiona o ex-presidente.
“Presidente, o senhor que determina”, responde a advogada Luciana Pires.
Bolsonaro questiona “a quem interessa falar” e a outra advogada, Juliana Bierrenbach, responde que seria o Serpro.
“Eu falo com o Canuto. Agora isso aí eu falo com o Flávio, então. Qualquer hora do dia amanhã”, conclui, e ouve a confirmação de Alexandre Ramagem.
Para a PF, Bolsonaro teria interferido na investigação em prol do filho, Flávio Bolsonaro, para abafar as investigações no inquérito das ‘rachadinhas’. Na época, Flávio era acusado de operar um esquema de devolução de salários dos assessores quando atuava na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A gravação da reunião foi encontrada em um documento de Alexandre Ramagem, em meio às investigações da ‘Abin paralela’. A Polícia Federal acusa a agência de ter montado uma equipe para monitorar ilegalmente opositores de Bolsonaro.
O site IstoÉ entrou em contato com a defesa de Bolsonaro, que afirmou não ter analisado o conteúdo do áudio. Ramagem negou os crimes e disse ter falado na reunião que a agência não poderia investigar sigilo bancário.
A reportagem tenta contato com outros citados, mas não obteve sucesso até o momento.