Determinadas medidas impensadas podem ter um efeito nocivo sem precedentes. É o caso da decisão publicada no Diário Oficial da União de hoje, na qual o presidente Jair Bolsonaro determinou que sejam suspensas as autuações por radares móveis nas estradas federais do País. Não precisa ser grande especialista em trânsito para saber que essa medida vai impactar no aumento no número de mortes nas estradas brasileiras. Hoje, 37 mil pessoas morrem anualmente nas rodovias brasileiras, sobretudo por imprudência dos motoristas e principalmente por causa do excesso de velocidade.

Desde que os radares móveis passaram a compor o cenário das rodovias brasileiras, o número de mortes caiu 21,7%. Tudo bem, o presidente diz que suspendeu os radares móveis para evitar que eles continuem “assaltando” os motoristas brasileiros, uma vez que os policiais federais se “escondem” atrás de uma árvore, numa descida, e multam aleatoriamente os motoristas, segundo o presidente. O problema é que no ano passado, a Polícia Rodoviária Federal lavrou 7,3 milhões de multas, das quais 4,8 milhões foram velocidade acima da máxima permitida.

Desse total, em 15% dos casos os motoristas trafegavam em 20% ou 50% acima da velocidade máxima permitida. Ou seja, se o máximo for de 100 kms por hora, o motorista estava no mínimo a 150 kms por hora, o que é evidentemente um absurdo, colocando em risco não só o próprio condutor, como seus passageiros e os demais veículos na estrada. O presidente equivoca-se, portanto, ao proibir os radares móveis. O governo até diz que não está proibindo os radares fixos, mas a retirada dos radares móveis também não deixa de ser um estimulo a mais para os motoristas despreparados e imprudentes.


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