Ao abrir os jornais desta quarta-feira, 29, às vésperas das festas do Ano Novo, todos eles estampavam a foto de Bolsonaro com a filha Laura na garupa de um jet ski, navegando sobre as águas límpidas e azuladas do paradisíaco mar de São Francisco do Sul, uma das mais belas praias do litoral catarinense. Os dois ali maravilhados, como se não houvesse o amanhã. Nas mesmas páginas desses jornais, na sequência, podemos ver as imagens dos milhares de baianos, especialmente os do sul do estado, padecendo pela maior cheia da história, que já matou 21 pessoas e deixou outras milhares desabrigadas.

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Acompanhando o relato do repórter Juliano Dipp, da Rádio Bandeirantes, que está acompanhando a tragédia baiana, hoje logo cedo, mostrando que famílias foram acordadas na madrugada desta quarta-feira com mensagens de som das prefeituras locais pedindo para que todos deixassem suas casas, pois barragens de romperam e tudo iria por água abaixo, ficamos chocados. Ele mostrou relatos de gente que tudo perdeu com as chuvas descomunais. Os relatos nos deram uma grande sensação de revolta e de indignação. Como pode um presidente da República, eleito pelo povo, inclusive pelo baiano, não tomar conhecimento desse drama, virar as costas para o povo e ainda por cima tripudiar dessa população desesperada ao se deliciar nas exuberantes praias catarinenses. É repugnante. Nojento. Dá náuseas. Em qualquer lugar decente, ele teria interrompido a farra na praia e tomaria providências. Mas aqui esse homem indecente não se comove, assim como não se comoveu com as mais de 619 mil mortes por Covid.

Que o presidente é negacionista, que ajudou a matar pessoas com o coronavírus, não apenas deixando de comprar as vacinas na hora certa, mas também desestimulando o uso de máscaras, fazendo pouco caso do distanciamento social, incentivando aglomerações e outras tantas atitudes criminosas, todos nós já sabemos. Isso ficou sobejamente comprovado durante a CPI da Covid, que o indiciou por dezenas de crimes cometidos. Um governo insensível e desumano, que deveria ser julgado até mesmo por genocídio no STF ou na Corte Internacional de Haia. Juristas importantes já defenderam isso. Mas o que ele vem fazendo em Santa Catarina é vilipendiar, desprezar pela vida das pessoas, que sofrem com as enchentes na Bahia. É doloroso ver o que estão sofrendo. De cortar o coração nesta época do ano em que todos deveriam comemorar dias melhores. Mas, sob o governo Bolsonaro, isso não é possível. Ainda viveremos tempos de horror até terminar o mandato dessa insensato.

Sarcasticamente, diz que não interromperá seu passeio no litoral catarinense, mordomias mantidas pelos cartões corporativos, com comida e bebida farta, paga pelos impostos de todos os brasileiros, inclusive dos moradores da Bahia, que paradoxalmente agora agonizam sob as cheias, mergulhados na mais dura miséria. O irresponsável e despreparado presidente diz ter enviado para o local das enchentes alguns ministros (o incompetente Queiroga, o obscuro Rogério Marinho e o insignificante João Roma). Ora, esses ministros são os mesmos que vão ao local das cheias na Bahia e liberam somente R$ 200 milhões, quando para seus projetos eleitoreiros são destinados bilhões e bilhões. Pior, dos R$ 200 milhões, apenas R$ 80 milhões serão destinados para todo o Nordeste, enquanto que outros R$ 70 milhões para o Norte e R$ 50 milhões para o Sudeste. É uma desfaçatez. Ação indigna de um desgoverno.

O governador da Bahia, Rui Costa, por exemplo, já disse que dos R$ 80 milhões para o Nordeste, apenas uma parte ficará para a Bahia e o estado está precisando muito mais para recuperar os prejuízos. O que Bolsonaro destinou para a região é uma esmola. Não vai dar para nada. Ora Bolsonaro, tire essa bunda gorda do jet ski e vá para a região ou para Brasília trabalhar por mais recursos. Sabemos que vossa senhoria nunca gostou de trabalhar, vagabundeia há anos, mas faça alguma coisa. Como é o Centrão que manda no caixa do governo e o senhor não manda mais em nada no governo, implore para o Arthur Lira liberar mais recursos das emendas do Orçamento para enviar mais dinheiro para a Bahia. Afinal, para que servem as emendas de relator que consumirão R$ 16 bilhões? Para que servem as emendas parlamentares de R$ 36 bilhões que o presidente e os deputados usam para desviar dinheiro do Orçamento em prol de seus apaniguados e que invariavelmente são usados para desvios e compras superfaturadas? Ora, peguem uma parte disso e socorram o povo. Se o presidente continuar insensível e apenas surfando nas belas praias catarinenses, certamente os eleitores saberão lhe dar uma resposta nas urnas em outubro. Mas nem assim Bolsonaro parecer estar preocupado. Está se lixando para o povo.