O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conas), Carlos Eduardo de Oliveira Lula, participou da live da IstoÉ na tarde desta sexta-feira (12). Natural de São Luís (MA), ele é advogado, possui MBA em gestão empresarial e é secretário de Saúde do Estado do Maranhão desde 2016; início do governo Flávio Dino, do PCdoB. Aqui cabe dizer que o sobrenome do secretário é herança familiar há décadas e não tem nada a ver com qualquer homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Todo mundo me conhece por Lula.”

Aos 38 anos e com grande experiência nos meandros políticos, o presidente do Conas traçou um cenário turvo da realidade brasileira no combate à pandemia do coronavírus.

“A gente não está numa situação confortável, corremos o risco de mais três estados (Rondônia, Roraima e Amapá) reproduzirem o desastre da crise de saúde do Amazonas”, afirma.

Lula entende que os problemas acontecidos na cidade de Manaus fazem parte de um combo desastroso que mistura a péssima política e incompetência de gestão.

“A responsabilidade administrativa é do secretário de saúde e dos gestores municipais que erraram no cálculo do oxigênio e a responsabilidade política é do governo Bolsonaro, que avisado com antecedência, não fez nada para evitar a tragédia”, ressalta.

Com olhar atento para o cenário nacional, Lula prospecta um futuro no combate à crise sanitária muito incerto, para não falar tenebroso.

“Alguns insumos, como a bomba de infusão [equipamento fundamental nas UTIs] não existem mais para compra no mercado internacional e muitos municípios não têm estoques”, revela.

“Há mais de três semanas estamos pedindo para que o Ministério da Saúde abrisse um hospital de campanha em Brasília para encaminharmos os doentes do Amazonas, mas não tivemos qualquer resposta. Manaus não tem insumos para tratar os doentes”, denuncia.

O presidente do Conas entende que o enfrentamento a Covid-19 poderia ter sido evitado se não fosse o comportamento errático de Bolsonaro. Contudo, ele observa que o presidente e seus seguidores preferem o tumulto à harmonia. “A gasolina do bolsonarismo é a confusão”, diz.

Quando o assunto é a imunização da população, Carlos Eduardo considera que o País ficará longos períodos sem a vacina contra o coronavírus.

“Teremos lapsos de vacinação. Serão semanas com vacinação, semanas sem vacinação. Até o segundo semestre, vamos vacinar a conta gotas”, afirma.

“Estamos vacinando muito pouco. Não tem como ofertar em todos os postos de saúde porque não temos vacina. Não existe previsão do Ministério da Saúde quando os estados vão receber mais doses da vacina”, completa.

Outro ponto criticado por Carlos é a falta de preocupação com os casos da Covid-19 na comunidade indígena.

“Só um terço dos índios aceitam se vacinar. O mesmo problema está acontecendo com profissionais da saúde”, alerta.

“A postura do Bolsonaro vai afetar todo tipo de vacinação. Bolsonaro está matando o Zé Gotinha”, conclui.