O ex-presidente Jair Bolsonaro está com a saúde “bastante debilitada” e não deverá comparecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para acompanhar presencialmente nenhum dia dia do julgamento do processo em que é réu acusado de tentativa de golpe de Estado, disse à Reuters nesta quarta-feira o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, que representa Bolsonaro.
“Não. Não virá, nenhum dos dias. Bolsonaro está com a saúde bastante debilitada, bastante inquieto com tudo o que acontece na vida dele, tanto do ponto de vista de sua saúde quanto de todo movimento político que se formou no Brasil, mas positivo, confiante e otimista”, acrescentou.
A declaração de Cunha Bueno foi dada minutos depois que ele e o advogado Celso Vilardi, que também representa Bolsonaro, fizeram a sustentação oral da defesa do ex-presidente no plenário da Primeira Turma do STF, que julga o caso.
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Bolsonaro, da trama ao tribunal
Em fevereiro de 2024, a PF deflagrou a Operação Tempus Veritatis, primeira a cumprir mandados relativos ao plano golpista, com base na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Em novembro, foi a vez da Operação Contragolpe, cujas apurações ampliaram o comprometimento do ex-presidente com a trama. As investigações embasaram uma denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), enviada ao STF em fevereiro de 2025.Em março, Bolsonaro e os demais acusados de idealizarem e planejarem a ruptura tornaram-se réus no tribunal, que os acusou de cinco crimes, cujas penas, somadas, podem chegar a 43 anos de prisão:
– Organização criminosa armada;
– Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
– Golpe de Estado;
– Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima;
– Deterioração de patrimônio tombado.
Para os advogados do ex-presidente, os episódios descritos na denúncia da PGR são políticos e, quando muito, atos preparatórios que não podem ser punidos criminalmente; por sua vez, os documentos que descreviam o plano de ruptura não têm assinatura ou valor de fato. Bolsonaro admitiu ter discutido “possibilidades” com os chefes das Forças Armadas após perder a eleição, mas disse não ter cogitado usurpar a democracia e repete que não há golpe sem tanques de guerra na rua.