Bolsonaro em depoimento: ‘Tratamos de GLO e possibilidades dentro da Constituição’

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Ex-presidente Jair Bolsonaro durante interrogatório no STF Foto: Fellipe Sampaio/STF

Em depoimento ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira, 10, que avaliou “possibilidades” dentro da Constituição Federal de 1988 e negou que tenha falado em qualquer tentativa de golpe de Estado.

Questionado pelo relator do caso sobre uma reunião feita no dia 7 de dezembro de 2024 com Paulo Sérgio (ministro da Defesa); o comandante Freire Gomes e o almirante Garnier, o ex-presidente afirmou que “nunca se falou em golpe”.

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Indagado novamente sobre os encontros com o ex-ministro e militares, Bolsonaro disse que houve diversas reuniões para tratar de vários assunto, “como [Garantia da Lei e da Ordem] porque os caminhoneiros estavam parando”.

Em seguida, o ex-mandatário afirmou: “Conforme falou o Freire Gomes, nós estudamos possibilidades, mas todas dentro da Constituição, ou seja, jamais saindo das quatro linhas”.

Depois, Bolsonaro negou que tenha havido um plano concreto para um golpe de Estado. “Não tinha clima, não tinha base minimamente sólida para fazer coisa”, disse. Ao comentar sobre o papel dos militares, o ex-presidente garantiu que não recebeu ameaças nem pressões. “As Forças Armadas, missão legal dada é cumprida. Missão ilegal não é cumprida. Em nenhum momento alguém me ameaçou de prisão”, concluiu.

Quem foi ouvido no STF

+ O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, afirmou que o antigo chefe recebeu e editou o documento que descrevia o planejamento da ruptura institucional.

+ O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no período da trama, disse não ter como provar fraude nas eleições de 2022, apesar de ter relatado ao ex-presidente que havia irregularidades nas urnas, conforme mensagens obtidas pelos policiais.

+ O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, negou ter colocado suas tropas à disposição do plano golpista, ao contrário do que relataram seus colegas de Alto Comando.

+ O ex-ministro Anderson Torres, que chefiou a Segurança Pública sob Bolsonaro, disse que um documento com o plano de ruptura foi parar na sua residência por uma “fatalidade” e era “muito mal escrito”.

+ O general da reserva do Exército Augusto Heleno decidiu exercer o direito ao silêncio e não responder às perguntas feitas pelo ministro Alexandre de Moraes em interrogatório no STF (Supremo Tribunal Federal).

+ O ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Braga Netto afirmou que Cid mentiu e que e que não entregou dinheiro em caixa de vinho

+ O ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira contou que participou de reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro e que saiu ‘preocupadíssimo’

Próximos passos

O interrogatório foi uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do grupo aconteça no segundo semestre de 2025.