O presidente Bolsonaro está cada vez mais refém do Centrão. Ele não tem força sequer para destituir o deputado Ricardo Barros da liderança do governo e muito menos para gerir o orçamento, que hoje está nas mãos do grupo fisiológico. O mandatário virou fantoche do núcleo coordenado por Arthur Lira, sobretudo agora que o presidente da Câmara guarda em sua gaveta o superpedido de impeachment feito por 46 parlamentares. Ele já disse que vai deixar esse pleito de afastamento de Bolsonaro do cargo em banho-maria, assim como já faz com outros 122 requerimentos. O capitão é acusado de mais de 20 crimes, de improbidade administrativa a prevaricação. Basta Lira tirar um deles da geladeira e Bolsonaro ficará em maus lençóis, podendo perder a faixa presidencial num piscar de olhos.

Barganha

É evidente que Lira não o fará tão cedo, mas deixará o presidente com a faca no pescoço. Qualquer passo em falso ou pedido não atendido por mais cargos e benesses no governo colocará Bolsonaro no cadafalso, como Eduardo Cunha fez com Dilma. Portanto, é de se esperar que nos próximos meses os partidos do Centrão ganhem mais ministérios.

Pressão

Para sofrer impeachment, além de Lira ter que colocar um dos pedidos em apreciação o capitão precisa ter contra ele o voto de 342 deputados, o que não é impossível, considerando que a oposição soma mais de 200 votos e há muita gente arrependida entre os tradicionais apoiadores do governo. É preciso, porém, que a pressão popular aumente.

A “gangue” do 04

Pedro Ladeira

Renan Bolsonaro tem usado suas redes sociais para demonstrar ser fã da série “Peaky Blinders”, da Netflix. A produção é inspirada na história de uma organização criminosa de Birmingham, na Inglaterra. Além de assassinar pessoas em série, a gangue usava corridas de cavalos para lavar dinheiro. O 04 gostou tanto que foi a um cabeleireiro de Brasília fazer um corte igual ao de um personagem do seriado.

Retrato falado

“Sou um governador gay, e não um gay governador” (Crédito: Itamar Aguiar/ Palácio Piratini)

A frase dita pelo governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, no programa do Bial, da TV Globo, estremeceu as estruturas políticas do País e virou o assunto número um nos debates partidários na semana passada. Leite fez a declaração com risco calculado, já que milhões de brasileiros são admiradores da temática LBGTQIAP+, mas o Brasil é um país machista e isso pode impactar na sua candidatura a presidente da República. Bolsonaro fez piadinha, mas Leite retrucou: imbecil.

Amazônia em chamas

Bolsonaro não se emenda. Em junho, o Inpe detectou 2.308 focos de incêndio em matas nativas, sobretudo na Amazônia. É o maior número registrado no mês de junho desde 2007. A partir de 2019, a destruição do meio ambiente seguiu acelerada, motivando críticas dos ambientalistas. Empresários estrangeiros dizem que deixarão de investir aqui enquanto essa política não mudar. E as queimadas acontecem porque o desmatamento continua descontrolado com a conivência dos órgãos de fiscalização, como o Ibama, que foram sucateados. O pior é que a tendência de extermínio das nossas florestas continua em alta, sem uma política mínima que coíba o desmatamento e o fogo criminoso.

Reservas

Os incêndios não preservam nem mesmo as reservas indígenas e os parques nacionais, que deveriam ser protegidos pelo governo e pelo Exército, a quem compete cumprir a Garantia da Lei e da Ordem para a defesa das nossas florestas. O fogo já atingiu 110 reservas indígenas na Amazônia. Uma tragédia anunciada.

Guardião da democracia

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, dá mais uma demonstração em defesa da democracia. Determinou a abertura de novo inquérito para investigar organização criminosa que usa redes sociais para atacar a democracia, numa clara insatisfação com a posição de Aras, que não viu crimes nos atos que atingiram, inclusive, ministros da Corte.

FELLIPE SAMPAIO / SCO/STF

Filhos

Moraes quer que a própria delegada da PF, Denisse Dias Rosas Ribeiro, responsável pelo inquérito anterior, continue tocando as novas investigações, que, entre outros, envolve os filhos do presidente nos malfeitos, Eduardo, Flávio e Carlos. O blogueiro Allan dos Santos é outro que o ministro do STF vê como envolvido com a quadrilha.

O jogo de truco

Reproducao /Redes Socias

Luis Miranda joga truco com Bolsonaro. Ele está com a carta mais alta do baralho (a gravação da conversa que teve com o presidente) e espera o capitão gritar truco para ele elevar a aposta para seis e vencer o jogo. Bolsonaro sabe que o deputado tem o zap nas mãos e foge do embate. Miranda está louco para dar a cartada final, mas o presidente não paga para ver.

Toma lá dá cá

Alexandre Frota, deputado (PSDB-SP) (Crédito:Pedro Ladeira)

O senhor já apoiou Bolsonaro em 2018, mas num 2º turno entre Bolsonaro e Lula votaria em quem?
Todo mundo sabe que meu candidato a presidente é o governador João Doria. Se por acaso ele não chegar lá, é óbvio que eu vou votar no Lula. O importante é tirar Bolsonaro do poder.

Por quê?
Bolsonaro fez um governo de bandidos e corruptos interesseiros. Em emendas, em cargos, em dinheiro, em armações como essa, por exemplo, da propina na vacina. É um governo propineiro.

O senhor acha que a CPI causará impactos eleitorais?
A CPI está mostrando o quanto o governo Bolsonaro é corrupto. Se ele chegar a 2022, vai chegar sem discurso. Vai dizer o quê? Que combateu a pandemia e a corrupção? Não combateu.

Rápidas

* A juíza Ligia Dal Colleto Bueno, da 1ª Vara do Juizado Especial de São Paulo, julgou improcedente a ação interposta por Ana Cláudia Peres Lucas Lopes, a Clau de Luca, contra a Editora Três e este colunista. ISTOÉ foi representada pela advogada Lucimara Melhado.

* O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, anunciou que deve liberar as festas de réveillon na Paulista e do carnaval de 2022. O primeiro teste será permitir a presença de público no GP de Fórmula 1, em novembro.

* Bolsonaro insiste que o ministro Tarcísio de Freitas seja candidato ao governo de São Paulo e, com isso, melhore seu baixo desempenho no Estado. Para isso, quer que Guedes libere mais R$ 2 bilhões para obras em sua pasta.

* Gilberto Kassab sonha com o ingresso do tucano Geraldo Alckmin no PSD para disputar o governo de São Paulo pela legenda. Ele já conta com as candidaturas de Kalil (MG) e Otto Alencar (BA) para se fortalecer em 2022.