Apesar de muito se falar de Vladimir Putin e seu protagonismo na escalada de tensões na fronteira ucraniana, pouco se fala da história do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Não que ele seja uma figura dúbia com vários interesses globais como Putin, mas sim por ser um político que caiu de paraquedas no cargo. Assim como Bolsonaro, Zelensky fez fama na televisão, mas ao invés de aparecer em programas de fofoca destilando racismo, homofobia e apologia à tortura, como o presidente brasileiro, o ucraniano era um comediante que fez sucesso na série “Servo do Povo”, muito popular em seu país.
Seu personagem, o professor Vasyl Holoborodko, ganhou fama ao sugerir, na ficção, quais soluções a Ucrânia deveria adotar para se desenvolver.
O professor era contra a corrupção e queria transformar a Ucrânia ao eliminar essa praga que no Brasil ainda é o poder motriz de vários políticos.
Zelensky, durante a campanha, abandonou a mídia tradicional e mergulhou fundo nas redes sociais, aliás, como também fez Bolsonaro. O ucraniano era um candidato “ousado” e fora do sistema político tradicional. Adotou características do famoso personagem e ganhou as eleições na Ucrânia, enquanto Bolsonaro adotou o personagem do “mito” e enganou a população.
Na realidade nua e crua do mandato, Zelensky enfrentou – e enfrenta – diversas crises. Sem experiência como político, o mandatário ucraniano participou indiretamente do primeiro impeachment de Donald Trump, apenas semanas após assumir o cargo em Kiev, em 2019. O então presidente americano, sedento pela reeleição, deu a entender em uma ligação telefônica entre os dois que só mandaria ajuda para a Ucrânia, se recebesse informações sobre o filho de Joe Biden e as relações dele com empresas de energia ucranianas.
Sua dificuldade para governar com maior talento de estadista, porém, chegou à tênue possibilidade de um conflito global orquestrado por Putin. A aproximação da Ucrânia com o ocidente – parte de seu plano de governo era entrar para a Otan – acabou não passado despercebida pelo presidente russo.
Provocar um ditador como Putin foi inteligente? É que o muitos na Ucrânia perguntam. Foi a melhor decisão deixar a situação chegar onde chegou? Provavelmente não, mas essa decisão caberá aos historiadores do futuro.
Apesar de Zelensky não ser um político do mal, ao ser um “banana” nas negociações com os russos, como dizem especialistas internacionais, colocou seu país em uma situação de extremo perigo. Presidentes sem experiência, maturidade e com uma equipe aparvalhada podem ficar reféns de terceiros, como a Ucrânia, ou ainda serem perigosos em suas insanidades, caso que infelizmente acontece no Brasil. Bolsonaro e Zelensky são farinha do mesmo saco.