O governo Bolsonaro pode estar caminhando para o fim. As condições para o impeachment estão colocadas. É indispensável à ação política. Sem ela, o impeachment não ocorrerá naturalmente. Afinal, a política é uma ação humana, produto das relações de uma sociedade, construídas ao longo do tempo, e não é um ato da natureza, que ocorre independentemente da vontade dos homens, como um terremoto, uma erupção vulcânica.

A CPI da pandemia se transformou, como seria de esperar, o locus privilegiado da luta política. Nela estão sendo demonstrados e comprovados os crimes cometidos pela pandilha bolsonarista. E, tudo indica que, com o desenrolar dos trabalhos, novos crimes vão ser revelados. Vale lembrar, que estamos assistindo a CPI mais importante deste século. E no momento mais dramático da história republicana.

Os irmãos Miranda revelaram um fabuloso esquema de corrupção. E, pelas informações ora conhecidas, a caterva transformou a pandemia em uma grande ocasião de negócio, uma oportunidade de golpes milionários contra o interesse público, independentemente de que as ações poderiam agravar ainda mais o quadro pandêmico. Como um Terêncio às avessas, Bolsonaro pode propalar aos quatro ventos que nada que é desumano, me é estranho.

A Covaxin parece ser apenas a ponta do iceberg da máquina de corrupção existente no Ministério da Saúde

A Covaxin parece ser apenas a ponta do iceberg da máquina de corrupção existente no Ministério da Saúde. Alguns dos envolvidos — e citados na CPI — são useiros e vezeiros em desviar recursos públicos na pasta. Neste caso, o que mais chama atenção é que não importou aos quadrilheiros que milhares de brasileiros estavam morrendo a cada dia. Para eles, a pandemia foi um achado, pois com a liberação de recursos, a necessidade de antecipar os procedimentos tradicionais de compra de vacinas, a inexistência de licitação, fez com que levassem para a Saúde os métodos usados no Ministério do Meio Ambiente por Ricardo Salles: o “passar a boiada” representou na ampliação do genocídio.

O cenário, agora, é de intensificar a luta política pelo impeachment. Não deve ser descartado que, numa situação limite, Bolsonaro possa renunciar. Desta forma, mantém seus direitos políticos para a sucessão presidencial de 2022, usa a renúncia como bandeira política (algo como: eles não me deixaram governar) e transfere os processos para a primeira instância. Ganha algum tempo, como um criminoso fugindo da polícia. Mas nada o livrará da cadeia. É a tendência dos acontecimentos: impopularidade, isolamento político, caos social e corrupção. Bangu 8 poderá ser a sua nova moradia.