Jair Bolsonaro não está à altura dos desafios que se apresentam para o Brasil não só em plena pandemia, como também no período posterior, quando o país terá de enfrentar grandes desafios no processo de reconstrução. Nos primeiros 14 meses de governo cometeu inúmeras impropriedades. Confrontou o Estado Democrático de Direito, atacou valores civilizatórios, agrediu a Constituição e desprezou a política como espaço de debate e convivência entre contrários. Elogiou marginais, desqualificou conquistas históricas do povo brasileiro e chegou até a transformar em herói nacional um torturador. Nada o detinha. O andar de cima, da política e da economia, relevavam seus ataques reacionários, tudo em nome do que chamavam de governabilidade e da aprovação das reformas econômicas. Como se houvesse uma dissociação entre o discurso extremista e a prática cotidiana de governo. Ledo engano. E a chegada do coronavírus desnudou a farsa.

O Brasil está passando pela crise sanitária mais grave da história republicana, e não só. Teremos este ano a recessão mais severa dos últimos cem anos — e, tudo indica, com repercussão, no mínimo, também em 2021. Há uma tensão permanente entre Bolsonaro e o Congresso e o STF. Para complicar o quadro paira no ar a possibilidade de uma convulsão social, caso a epidemia se estenda por alguns meses e a paralisia econômica leve a demissão de milhões de trabalhadores — isto sem falar naqueles que não tem vínculo formal de trabalho, algo próximo a 40 milhões de brasileiros.

Nesta terrível conjuntura, Bolsonaro não tem a mínima condição de liderar o Brasil. Falta capacidade de gerenciamento, aptidão para o trabalho, conhecimento científico, disposição para o diálogo e racionalismo nas ações, isto para ficar no mínimo. Sua equipe de governo, com raríssimas exceções, também não está á altura das necessidades nacionais. Basta recordar os problemas criados com a China pelos ministros da Educação e das Relações Exteriores, sem contar o ministro sem pasta, seu filho, Eduardo “Bananinha” Bolsonaro. É possível imaginar Bolsonaro coordenando a reestruturação da política econômica, formatando o novo papel da saúde pública, a redefinição do Estado, repensando nossas relações econômicas e políticas com o mundo exterior? Evidente que não. Qual o caminho? Ele tem de sair urgentemente da Presidência. Caso não o faça — ou seja, levado a isso — teremos os anos mais sombrios da nossa história moderna.

É possível imaginar Bolsonaro e seu filho, Bananinha, coordenando a reestruturação do País ao término da pandemia?