Após abandonar, faz tempo, o combate à corrupção; após aliar-se ao que há de pior no chamado Centrão; após defenestrar Sergio Moro e torná-lo inimigo número 1; após aparelhar o governo com ideólogos fanáticos; após distribuir verbas, cargos e salários; após planejar o Renda Brasil (o novo Bolsa Família); agora Jair Bolsonaro parte com tudo para cima do que restou do “curral eleitoral” do PT: a parcela mais pobre e sem escolaridade do nordeste brasileiro.

Montado em um cavalo — que mais parecia um burrico — , chapéu típico na cabeça, sem máscara, como de costume, o presidente ressurgiu triunfante, saudado como “mito” pelos simpatizantes, nesta quarta-feira (30), em inaugurações pelo Nordeste.

No seu costumeiro tom, que mistura populismo e messianismo, discursou como um verdadeiro político tradicional, falando de Deus e dos homens, neste caso dos deputados do Centrão que lhe acompanhavam nos palanques.

Bolsonaro desiste, ao menos por enquanto, do personagem ditador-golpista-militar e transmuta-se em uma espécie de “novo Lula”: o político que governa com todos, para todos (sempre em benefício próprio, é claro) e que ama o sofrido povo nordestino. Em breve estará servindo-se de buchada de bode, como FHC.

Tenho um carinho todo especial pelo Nordeste e seu povo. Conheço a região de cabo a rabo. Me revoltava assistir ao lulopetismo usar politicamente tão sofrida gente. Me revolta, ainda mais, assistir a Jair Bolsonaro repetir tal mesquinhez. É muito triste que mudem os personagens, mas nunca o roteiro.

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