Não há dúvida de que o maior problema no mundo, neste momento, depois da pandemia, é o Talibã assumindo o poder no Afeganistão. E o terceiro maior problema é Jair Bolsonaro. O presidente brasileiro é uma espécie de talibãzinho que inferniza e perturba o Ocidente e faz florescer a cultura do ódio, a misoginia e as idéias ultraconservadoras por onde passa. De maneira autoritária, encaminha os brasileiros para o mesmo lugar distante, pré-civilizacional, obscuro que os talibãs parecem levar o povo afegão. Os dois representam um grande retrocesso cultural e só conseguem enxergar a mulher na cozinha, em condição de submissão, não aceitam a existência de minorias e são contra qualquer modernidade. Quanto ao negacionismo nem vale a pena discutir, embora não possamos menosprezar os talibãs. Possivelmente, eles acreditam mais na ciência e nas conclusões baseadas em evidências do que o presidente brasileiro.

Bolsonaro é um fóssil ideológico que traz um gostinho de Idade Média para o século 21, tentando acabar com o Estado laico e promovendo uma moral puritana e descolada da realidade. Como os talibãs remetem a um passado de crueldade e despotismo, o presidente brasileiro também busca suas forças na escuridão, no fanatismo religioso e político. Para ele, qualquer ideia progressista é tratada como artimanha da esquerda e precisa ser combatida. Seus inimigos culturais estão em todo lugar e seu principal objetivo é o poder absoluto. Como os talibãs, Bolsonaro também não usa máscara para se proteger da Covid-19 e desconfia da vacinação.

O presidente é um fóssil ideológico que traz um gostinho de Idade Média para o século 21, tentando acabar com o Estado laico e promovendo uma moral puritana e descolada da realidade

Mas, ao contrário de Bolsonaro, cuja capacidade mental retroage a olhos vistos, os talibãs, pelo menos, lançaram uma ofensiva para se mostrarem moderados, prometendo ser mais tolerantes com as mulheres e dando anistia para quem colaborava com os americanos. Se vão cumprir é outra história, pois já começam a reprimir manifestações. Seja como for, eles demonstram mais sensatez que o presidente brasileiro e tentam reconstruir sua imagem. Aqui no Brasil, enquanto isso, funciona no governo uma estrutura perversa que tenta levar o País para o buraco com uma revolução cultural de extrema-direita. Pensando bem, diante de Bolsonaro, os talibãs até parecem pessoas normais. Só espero que eles não se sintam ofendidos com essa comparação.