Se vencer o inimigo está difícil, junte-se a ele. É um jogo de ganha x ganha. Ambos, em colaboração, poderão somar forças e derrotar outros inimigos em comum. É melhor do que passar o resto da vida estapeando um ao outro.
Quando o bolsonarismo e o lulismo se aproximaram, ainda em 2019, sob as bênçãos de Dias Toffoli (o elo em comum), imaginei tratar-se de um conchavo entre personagens enrolados com a Justiça, em busca de um objetivo comum: a impunidade.
Contudo, após os recentes movimentos de Jair Bolsonaro e seus novos amigos do Centrão (amigos do “inimigo” PT), objetivando aniquilar de vez a Operação Lava Jato, além do renascimento do “toma lá, dá cá” político, mudei de ideia.
Para mim, fica claro que Bolsonaro está sendo usado pelo lulopetismo para: 1) combater Sergio Moro; 2) ressuscitar eleitoralmente Lula da Silva; 3) enterrar a possibilidade de um governo liberal. Obviamente, o presidente não é santo. Nem burro. Aceitou a função.
Bolsonaro é o cavalo de Troia do PT, e sabe disso!, pois tem todo interesse. Sabe que sua reeleição, em 2022, corre menos riscos contra o PT (seja Lula ou um poste qualquer) que contra Sergio Moro. Além disso, alcança seu objetivo primário: livrar o bolsokid Flávio das garras da Justiça.
Do lado petista, como efeito secundário do arranjo, impede-se qualquer possibilidade de assistir ao Estado (provedor e corrupto) ser modernizado, dinamizado, desburocratizado e diminuído, já que tais propósitos não interessam também aos parças do Centrão. A máquina de moer o bolso do povo continuará intocada e servil.
As peças, ou melhor, os peões de cada lado movem-se frenéticos. O PGR, Augusto Aras, combate a Lava Jato; a segunda turma do STF caminha rumo à suspeição de Sergio Moro e, consequentemente, à anulação das sentenças de Lula, tornando-o “ficha limpa”; e o Congresso, com o auxílio luxuoso do Executivo federal, boicota as privatizações e a reforma administrativa.
Tudo somado, ganha o bolsonarismo e ganha o lulismo. Ganham também, é claro, os sócios e apaniguados dessa turma toda. Dividirão os cargos, as nomeações, as candidaturas, a impunidade e… os bilhões! Um presidente petista não faria um trabalho melhor.
Lula e o PT serão eternamente gratos a Jair Bolsonaro. E a recíproca é verdadeira.