A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no inquérito que investiga obstrução de Justiça no inquérito que apura o plano de golpe de Estado. Ambos foram indiciados por coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O inquérito investiga a ida de Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos para articular medidas contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Jair Bolsonaro entrou no processo após financiar a ida do filho para o exterior.
Para a PF, Bolsonaro atuou junto a Eduardo e do jornalista Paulo Figueiredo para pressionar o STF no processo que apura a tentativa de golpe. Além deles, o pastor Silas Malafaia também é colocado como o articulador da pressão. Malafaia foi alvo de uma operação de busca e apreensão na noite desta quarta-feira, 20.
O relatório também aponta que o ex-presidente deu aval e suporte para as ações de seus aliados, como a divulgação de vídeos e mensagens em inglês para chegar às autoridades americanas. Entre os documentos citados, está uma mensagem com pedido de anistia “total e irrestrita”.
Os investigadores também citaram os repasses feitos por Bolsonaro a Eduardo no começo do ano. Entre janeiro e maio, o ex-chefe do Planalto teria enviado R$ 111 mil em repasses fracionados. No dia 13 de maio, Jair Bolsonaro depositou R$ 2 milhões na conta do deputado federal. O depósito foi confirmado por ele em depoimento à PF.
Articulação por sanções
A PF reforçou a tese que a ida de Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos a fim de articular medidas contra o STF. O objetivo era pressionar pelo afrouxamento do processo contra Bolsonaro e seus principais aliados.
Uma das medidas tomadas foi a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em taxar em 50% produtos brasileiros. A PF entende que Eduardo teve participação na decisão.
Outra medida tomada pelo governo dos EUA é a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes. Na ocasião, a Casa Branca afirmou que Moraes atenta contra a democracia brasileira e que pratica uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro.
Desrespeito de Bolsonaro a medidas cautelares
A PF reforçou o desrespeito de Jair Bolsonaro às medidas cautelares impostas por Moraes contra ele e aliados. O ex-presidente, por exemplo, está em prisão domiciliar após seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), publicar uma declaração dele nas redes sociais. Bolsonaro estava proibido de usar as próprias redes e de terceiros.
Os investigadores ainda citaram o contato entre Bolsonaro e o general Walter Souza Braga Netto, preso em dezembro de 2024, após Moraes proibir o contato entre eles. Por SMS, Braga Netto passou um novo contato “apenas para emergências” para o ex-presidente.
“Estou com este numero pré pago para qualquer emergência. Não tem zap [sic]. Somente face time. Abs Braga Netto’’, diz a mensagem.
A reportagem tentou contato com a defesa de Bolsonaro, mas não obteve retorno até o momento. A ISTOÉ ainda não conseguiu o contato com o deputado Eduardo Bolsonaro e com o pastor Silas Malafaia.
*Em atualização