O presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional a proposta de Orçamento da União do próximo ano. Nela está escancarada a desonestidade.

Bolsonaro manteve na proposta a famigerada sigla RP9, um verdadeiro código de gatunagem do dinheiro público que é traduzido pelo pomposo nome de “emendas do relator”. A verba destinada a elas é maior que a soma dos valores correspondentes às demais emendas. A sujeira é grande.

Serão endereçados aos parlamentares (o “centrão” sempre soube cobrar caro) cerca de R$ 39 bilhões. Desse montante, nada menos que R$ 19,4 bilhões são para as “emendas do relator” – e vale lembrar, sempre, que esse tipo de emenda não possui transparência, ou seja, o povo não fica sabendo aquilo que os parlamentares estão fazendo com o dinheiro. Uma certeza pode-se ter: não estarão os nossos representantes no Poder Legislativo investindo essa dinheirama em algo que não seja exclusivamente do interesse deles.

É mais um golpe que o incumbente dá na Nação, naquela que, por determinação constitucional, ele deveria proteger. O caráter secreto das “emendas do relator” é estrada pavimentada para o incremento da corrupção.

E ela, a estrada, está pavimentada, já em seu início no Orçamento para 2023, com R$ 19,4 bilhões que se tornarão invisíveis para a população. Claro que tudo isso poderá ser revisto caso Bolsonaro perca as eleições, como deverá perder de acordo com as pesquisas de intenção de voto. O fato de ter mantido as “emendas do relator” na proposta do Orçamento é indicativo de seus métodos políticos que agridem os princípios republicanos.