No último quadrimestre deste ano, a crise política e econômica deve se aprofundar. A irresponsabilidade de Jair Bolsonaro vai começar a apresentar seus trágicos resultados. A economia está estagnada. Tudo indica que o Produto Interno Bruto deva evoluir, no máximo, mísero 1%. Portanto, ficará abaixo do crescimento demográfico. O cenário internacional preocupa e, nesta conjuntura, é importante ter uma estratégia de posicionamento do Brasil no concorrido mercado externo para aproveitar qualquer situação favorável às nossas exportações. E atrair capital estrangeiro, demonstrando que há um ambiente receptivo, seguro e dinâmico. Mas Bolsonaro faz justamente o contrário. Apresenta um governo confuso e sem ideias próprias. Ataca gratuitamente o virtual presidente da Argentina, nosso terceiro parceiro comercial. Em vez de focar no aumento das exportações do agronegócio, desmoraliza as ações de proteção da Amazônia, desqualifica os organismos de controle do meio ambiente, despreza e recusa recursos para a preservação das nossas florestas, ataca os dirigentes de países amigos e grandes importadores de nossos produtos, principalmente os europeus. Busca a todo preço ser um serviçal dos interesses imperialistas norte-americanos, abrindo um contencioso, em médio prazo, com a China, nosso principal parceiro comercial. Internamente, ele não consegue desenhar nenhum plano de reativação econômica. Para esconder a incompetência, vocifera contra seus adversários, radicalizando o discurso até assumir, em alguns momentos, ares neofascistas.

No campo político, o governo caminha para o isolamento. Sua relação com o Congresso é muito ruim. Sem maioria, só aprova medidas que possam contar com apoio das principais lideranças, especialmente de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Com a estagnação econômica, a tendência é de que os partidos busquem se afastar de Bolsonaro. Além do que, no ano que vem teremos eleições. E ninguém será aliado de um governo com péssimos resultados econômicos. Neste cenário, a insistência em um discurso reacionário deve ser o caminho do presidente. Ele vai buscar o “bolsonarismo de raiz” e, consequentemente, deverá se isolar. É provável que os ataques ao Congresso e ao STF ocupem o primeiro plano nos seus discursos. A necessidade de imputar à institucionalidade vigente a razão das crises (política e econômica) elevará a temperatura do conflito com os demais poderes. Vai ser um grande desafio para a Constituição de 1988.

Com a economia paralisada e aliados distanciados, só resta ao presidente acirrar o discurso reacionário contra o Congresso e o STF. Para salvar sua imagem, a culpa deve ser das instituições


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