O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que o envio de médicos cubanos ao Brasil durante o governo petista de Dilma Rousseff tinha o objetivo de “formar núcleos de guerrilha”, e avaliou que se a medicina em Cuba fosse tão boa, teria salvado a vida do finado presidente venezuelano, Hugo Chávez.

O programa Mais Médicos, que chegou a enviar até 8 mil médicos cubanos a zonas pobres e rurais do Brasil, tinha por objetivo “formar núcleos de guerrilha no Brasil”, declarou Bolsonaro, que colocou em dúvida a reputação dos profissionais cubanos.

“Se os cubanos fossem tão bons assim teriam salvado a vida do Hugo Chávez, mas não deu certo (…). Se fossem tão bons assim, Dilma e Lula teriam aqui no Planalto cubanos e não brasileiros” como médicos, disse o presidente ao apresentar o programa Médicos pelo Brasil, que substitui o Mais Médicos.

Chávez (1999-2013) viajou a Havana em dezembro de 2012 para se submeter a uma cirurgia por um câncer. Regressou a Caracas em fevereiro e faleceu no dia 5 de março.

O Mais Médicos foi lançado em 2013 através de um convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde Salud (OPS), e incluia especialmente médicos cubanos.

Havana abandonou o programa em novembro de 2018, quando Bolsonaro, então presidente eleito, denunciou a retenção de parte importante dos salários dos médicos por parte do governo cubano, comparando este sistema a condições análogas à “escravidão”.

Bolsonaro também questionou o fato de os médicos não terem seus diplomas reconhecidos no Brasil.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou que o Médicos pelo Brasil abrirá 18 mil vagas, sendo 13 mil destinadas aos municípios mais pobres, e a remuneração será maior para os locais mais remotos.

Dos cerca de 8 mil cubanos que participaram do Mais Médicos, ao menos 1.800 permaneceram no Brasil.

Na segunda-feira, o governo anunciou que concederá permissão de residência de dois anos – prorrogáveis – aos médicos cubanos que queiram permanecer no Brasil.