Em 5 de novembro de 2014, Atlético-MG e Flamengo fizeram o segundo jogo pela semifinal da Copa do Brasil, no Mineirão, em Belo Horizonte. No “jogo de ida”, o Fla havia vencido o Galo por 2×0, no Rio de Janeiro.

Ainda no primeiro tempo, o Flamengo abriu o placar. Com isso, o time mineiro teria que fazer quatro gols e não sofrer mais nenhum para seguir à final da competição. Um locutor de uma rádio carioca, ao narrar o gol flamenguista, tão logo começou a ouvir o “grito barra mantra” da torcida do Galo, o conhecido “eu acredito”, desferiu gargalhando: “A torcida começa a gritar eu acredito [na virada], e eu aqui digo: eu duvido!”

O resto da história? Pois não. O Atlético venceu por 4×1, prosseguiu à final contra o rival Cruzeiro (hoje na série B do campeonato brasileiro) e foi campeão da Copa do Brasil.

Jair Bolsonaro anunciou que está com Covid-19. Segundo ele, começou a se sentir mal no domingo passado. Como o locutor incrédulo, eu… duvido! Vou repetir: eu… duvido!!

Como? Por quê? Enlouqueci? Nada disso. Acredito piamente que o presidente já tenha contraído o novo coronavírus há bastante tempo. Provavelmente naquela viagem aos Estados Unidos, ainda no começo de março, conhecida como Corona Trip, em que nada menos que 26 pessoas que viajaram com ele testaram positivo nos dias seguintes.

E mais: acredito que tudo não passa de uma armação para divulgar a hidroxicloroquina como medicamento eficaz.

Estou afirmando que minha tese é verdadeira? Não. Não faço como os bolsonaristas e espalho “fake news” por aí. Apenas estou duvidando do fato. E se o próprio Bolsonaro pode duvidar dos dados do seu Ministério da Saúde, por que eu não posso duvidar dele? Por que não posso fazer como seus auxiliares, que acreditam que a China espalhou o vírus de propósito e criar minha própria teoria da conspiração?

Agora, falando sério (ainda que um pouco cético a respeito), desejo ao presidente da República pronta recuperação. Que passe pela doença com o menor sofrimento possível e no tempo mais rápido.

Espero que, ao se recuperar, não só desenvolva os anticorpos contra a doença como, sobretudo, um pouco que seja de empatia, solidariedade e respeito pelos demais doentes e familiares das vítimas fatais. Às vezes, há males que vêm para o bem.