O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira, 3, em transmissão ao vivo nas redes sociais que o advogado-geral da União, ministro Bruno Bianco, negocia liberação na Justiça para exploração potássio na região de Autazes, no Amazonas.

O objetivo é tentar reagir à interrupção do fornecimento de fertilizantes da Rússia desde a emergência da guerra com a Ucrânia, já que o potássio é matéria-prima para o insumo essencial para as lavouras. Como mostrou o Estadão, o governo também pressiona o Congresso a aprovar um projeto de lei que prevê a exploração mineral em terras indígenas.

De acordo com Bolsonaro, a exploração de potássio em Autazes, onde há reservas indígenas, está proibida pela Justiça. “Há minoria de magistrados pelo Brasil que faz trabalho que inviabiliza nosso trabalho”, disparou na live o presidente, que costuma ter atritos com juízes, em especial do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Bruno Bianco está conversando para chegar a um denominador comum. Agora há fato novo, a crise mundial de fertilizantes”, acrescentou Bolsonaro, sobre a possibilidade de se liberar retirada de minerais na região. “Se não fosse problema jurídico, já poderíamos estar produzindo aqui o nosso potássio”.

O aperto na oferta de fertilizantes é acompanhado pelo governo desde antes da guerra entre Rússia e Ucrânia, em razão da própria crise energética.

Ao lado de Bolsonaro na live, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que o plano nacional dos fertilizantes, que pode apontar um caminho de longo prazo para a autossuficência nesses insumos, deve ser lançado na última semana de março. “Precisamos prospectar mais nosso subsolo para saber onde temos mais potássio”, declarou a ministra.

Bolsonaro ainda disse na transmissão ao vivo que, se os impasses para a exploração forem resolvidos, o Brasil poderá se tornar um exportador de fertilizante. “País que é dependente de outro pode sofrer consequências. Aumentou fertilizante, aumentará na ponta da linha o que a gente produz no campo”.

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