Coluna: Política em debate

Germano Oliveira é editor de política da ISTOÉ

Bolsonaro discrimina suas mulheres

NELSON ALMEIDA / AFP
Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Esse ditado popular é bem aplicado ao presidenciável Jair Bolsonaro, candidato do PSL. Nos debates, e até no Jornal Nacional da TV Globo quando foi questionado por Renata Vasconcelos, Bolsonaro negou que tivesse dito que era contra as mulheres receberem salários inferiores aos dos homens. É que no passado o ex-capitão do Exército disse que mulher tinha que ganhar menos porque engravidava e deixava o patrão na mão. Mais recentemente, disse que era o mercado, os empresários e empreendedores, que pagavam menos para as mulheres. À Renata Vasconcelos, garantiu que se houvesse alguma diferença de salários pagos pela mesma função às mulheres, caberia ao Ministério Público do Trabalho tomar providências, e que não caberia ao presidente da República qualquer iniciativa para corrigir essa distorção. Mas o jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, desmascarou o presidenciável do PSL. Ele fez um levantamento junto aos funcionários do gabinete do deputado Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados e constatou o óbvio: que Bolsonaro discrimina as suas mulheres. O quadro é simples: os dois maiores salários do gabinete de Bolsonaro, de R$ 15.022,32 por mês, são pagos a Pedro Cesar de Souza e a Telmo Broetto. Dois machos, como Bolsonaro se refere aos homens. Já os três menores salários de seu gabinete são pagos a três mulheres: Miqueline Matheu ganha R$ 1.706,55; Mayara Correia recebe R$ 2.141,90; e Biana Santos ganha R$ 2.832,66. Não é por outra razão que as mulheres não apoiam a candidatura de Bolsonaro. As mulheres sempre têm razão.