Um relatório da organização não-governamental Artigo 19, que possui escritórios em nove países, inclusive no Brasil, aponta que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez ao menos 1.682 declarações falsas ou enganosas só em 2020, ou seja, mais de quatro por dia. As informações são do jornal O Globo.

O documento também mostra ataques de Bolsonaro à imprensa e uma queda no nível de liberdade de expressão no mundo, em geral, e no Brasil, que obteve 52 pontos em uma escala que vai de 0 a 100, índice mais baixo registrado pelo país desde 2010, quando ele começou a ser calculado pela Artigo 19.

Segundo o documento, as declarações falsas ou enganosas de Bolsonaro contribuíram para aumentar o número de casos de Covid-19. O relatório também critica a falta de transparência nos números da pandemia em alguns países, entre eles o Brasil.

“Em outros casos, a desinformação vem de indivíduos que ocupam posições relevantes —até mesmo chefes de governo, como Jair Bolsonaro— geralmente por meio de contas pessoais, em vez de oficiais, nas redes sociais. Esses indivíduos isolados podem ter um grande impacto na disseminação da desinformação. O presidente dos Estados Unidos [Donald Trump, que estava no cargo em 2020] foi provavelmente o maior impulsionador da ‘infodemia’ de informações errôneas sobre a COVID-19 em língua inglesa”, diz o documento.

O relatório também destacou algumas falas de Bolsonaro, como ter chamado a Covid-19 de “gripezinha” e disse que ele “promove discursos antivacinas e anti-isolamento, piorando as taxas de infecção e causando uma crise de informação com discursos altamente polarizados”.

Ainda segundo O Globo, desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2020, Bolsonaro fez 2.187 declarações falsas ou distorcidas.