SÃO PAULO, 16 ABR (ANSA) – Durante coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro oficializou a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e anunciou o oncologista Nelson Teich como substituto para o cargo.   

A decisão foi tomada em meio à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) e ocorre dias depois de Mandetta ter dado uma entrevista contrariando a posição do presidente em relação à resposta para o combate da covid-19.   

Mandetta estava à frente do ministério desde o início do mandato de Bolsonaro, em janeiro de 2019. Ele ganhou visibilidade e aprovação nacional por sua atuação. No entanto, por seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), ele vinha batendo de frente com o presidente Jair Bolsonaro, que minimiza a dimensão do efeito devastador da doença, já visto em outros países do mundo. “Não condeno, não recrimino e não critico o ministro Mandetta.   

Fez o que achava que devia fazer. Ao longo deste tempo, a separação cada vez se tornava uma realidade, mas não podemos tomar decisões de forma que o trabalho feito por ele até o momento fosse perdido”, explicou Bolsonaro. Segundo o presidente, a exoneração de Mandetta foi decidida em “comum acordo”. “Foi uma conversa bastante produtiva, muito cordial. Ele [Mandetta] se prontificou a participar de uma transição o mais tranquila possível. Em comum acordo, apesar de esse não ser o termo técnico, eu o exonero do ministério nas próximas horas. Foi um divórcio consensual”, disse.   

Bolsonaro ainda afirmou que o governo sempre falou “em vida e em emprego, nunca em emprego e economia de forma isolada”. Além disso, ressaltou que, “desde o começo”, tentou levar uma mensagem de tranquilidade. “O clima quase de terror se instalou no meio da sociedade. E isso não é bom porque uma pessoa que vive sob tensão num clima de histeria é uma pessoa que está propensa a adquirir novas doenças ou agravar aquelas que ela já tem. Entendemos a gravidade da situação. Gostaríamos que ninguém perdesse a vida por causa nenhuma”, acrescentou. O presidente defendeu que gradativamente é preciso “abrir o emprego no Brasil”. “Essa grande massa de humildes não tem como ficar presos dentro de casa e, pior, quando voltar não ter emprego. O governo não tem como manter auxílio emergencial ou outras ações por muito tempo. Já se gastou R$ 600 bilhões e podemos chegar a R$ 1 trilhão”, alegou.   

Teich, por sua vez, informou que não haverá nenhuma determinação brusca sobre as políticas de restrições e afirmou que precisa “entender mais da doença, assim maior vai ser nossa capacidade de administrar o momento e sair da política do isolamento e distanciamento”. “As pessoas vão ter muita dificuldade em se isolar. É um mundo completamente novo e a gente está aprendendo como isso se comporta. É fundamental que a gente tenha uma avaliação do que é essa doença hoje”, concluiu.   

Coletiva Mandetta – A demissão de Mandetta foi anunciada pelo próprio ministro em sua conta no Twitter. “Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde.   

Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar”, escreveu.   

Durante coletiva de imprensa, Mandetta reforçou que o país não está livre de um pico de ascensão da doença. “O sistema de saúde ainda não está preparado para uma marcha acelerada”, completou. Ele pediu que as pessoas sigam as orientações das pessoas que estão mais próximas do sistema de saúde e citou prefeitos, governadores e o próprio Ministério da Saúde. (ANSA)