Eletrizante na política interna e externa, a semana termina com uma operação da Polícia Federal, com mandados de busca e apreensão contra Jair Bolsonaro. As medidas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, e estabelecem uma série de restrições ao ex-presidente, como o monitoramento com tornozeleira eletrônica e recolhimento noturno.
+Proibido pelo STF de ir a embaixadas, Bolsonaro já se abrigou na Hungria
Cerco contra Bolsonaro
A operação da PF foi desencadeada em um momento em que crescem as tensões em torno do processo que trata da tentativa de golpe de Estado. As pressões se intensificaram com as decisões tomadas pelo governo Donald Trump de taxar os produtos brasileiros em 50% e realizar uma investigação comercial contra o Brasil por práticas relacionadas ao Pix, ao etanol, à propriedade intelectual e ao desmatamento, entre outros itens.
Nos Estados Unidos, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) lidera o movimento que envolve o governo dos Estados Unidos contra a provável condenação do pai. Pelos prazos do processo, as previsões apontam que o julgamento no STF deve ser realizado provavelmente em setembro.
No final da manhã, a Primeira Turma do STF formou maioria para confirmar as medidas cautelares determinadas por Moraes.
Confronto entre Brasil e Estados Unidos chega ao ápice
As investigações contra o Brasil realizadas pelo USTR, sigla em inglês do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos, representam o ápice até agora da crise instalada entre o Brasil e os Estados Unidos desde que Donald Trump anunciou o tarifaço.
Na sequência, Lula subiu o tom dos discursos. Na quinta-feira, 17, em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, ele disse que Trump “não foi eleito para ser imperador do mundo”. Afirmou, também, que se o presidente americano fosse brasileiro “ele também seria julgado” por sua participação nos eventos do Capitólio e, se tivesse violado a Constituição, “também estaria preso”.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, rebateu. Declarou que Trump “não está tentando ser o imperador do mundo” e que “ele é um presidente forte dos Estados Unidos da América e também é o líder do mundo livre”.
Governo e Motta trocam vitórias e derrotas
Na última semana antes do recesso do Congresso, uma série de fatos evidenciou o embate entre o governo e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com derrotas e vitórias de ambos os lados. Na quarta-feira, 16, Lula vetou o projeto que aumenta de 513 para 531 o número de deputados federais, proposta tratada como prioritária por Motta.
No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decidiu favoravelmente ao governo na análise das ações sobre o aumento do IOF. Com isso, foi anulado o PDL (Projeto de Decreto Legislativo) que derrubava a elevação de alíquotas do imposto.
Em sentido contrário, a Câmara tomou duas decisões contrárias aos interesses do governo. Uma foi a aprovação do pacote relacionado ao licenciamento ambiental, pauta que bate de frente com as políticas do Ministério do Meio Ambiente. A outra foi o uso de R$ 30 bilhões do pré-sal para renegociação de dívidas do agronegócio.
Os recursos fazem parte do Fundo Social, criado em 2010, com destinação obrigatória para áreas como educação, saúde, meio ambiente e desenvolvimento regional e social.
Depois de um semestre de idas e vindas, o Congresso entrou em recesso em claro confronto com o governo.
Melhora de Lula nas pesquisas
Divulgada na quinta-feira, 17, uma pesquisa Quaest mostrou Lula na liderança de todos os cenários no primeiro e no segundo turno da eleição do ano que vem. Pelo levantamento, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem o melhor desempenho contra o presidente: empata no segundo turno com Lula, no limite máximo da margem de erro.
O resultado em parte é explicado pela campanha feito pelo governo e apoiadores sobre justiça fiscal, em cima do aumento do IOF, e com críticas fortes ao Congresso.
A pesquisa reflete um momento positivo para Lula. Nas próximas semanas, porém, ele será avaliado pelo resultado das negociações com os Estados Unidos. Na hipótese de nenhum acordo ser feito, o petista pode se desgastar com as consequências econômicas das medidas de Trump.