Não tinha como acabar bem a saga de Jair Bolsonaro, o ex-verdugo do Planalto – ainda que não tenha chegado ao fim, afinal, “o jogo só termina quando acaba”, reza o dito popular.

Eleito em 2018, na esteira do mais que justifcável antilulopetismo, em 2019 já atentava contra o Estado Democrático de Direito, pregando e apoiando o fechamento do Congresso e do STF.

Em 2020 e 2021, atentou também contra a vida e a dignidade humanas, ora auxiliando o novo coronavírus a matar mais de 700 mil brasileiros, ora zombando das famílias e amigos enlutados das vítimas fatais.

Em 2022, voltou à artilharia golpista, cometendo uma penca de crimes eleitorais e, a meu ver, crimes comuns também, alguns já julgados pela Justiça e outros em fase de inquérito e/ou processual (julgamento).

A inelegibilidade chegou através de uma destas ações, bem como multas não pagas por descumprimento de regras sanitárias começam a ser executadas pelo judiciário. Um dia, ainda que demore, será a vez das condenações penais.

Se o devoto da cloroquina será ou não preso, só o tempo irá dizer. Mas uma coisa é certa: já está – e ficará ainda mais – rico do que sempre foi. Progrediu de rachadinhas de milhares de reais, para PIX de milhões.

Segundo o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o maníaco do tratamento precoce recebeu ao menos 17 milhões de reais, entre janeiro e julho deste ano, via mais de 700 mil operações de depósito (PIX).

Em tese, são doações de admiradores que imaginam o patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, compradas com panetones de chocolate e muito dinheiro vivo, necessitado de recursos, coitado.

Após a divulgação do fato, Bolsonaro fez piada e disse que “dá para tomar caldo de cana e comer pastel” com a primeira-dama Michelle Bolsonaro, aquela dos 90 mil reais em “micheques” do miliciano Queiroz e família.

As doações deveriam ajudar o inelegível a quitar suas dívidas com o Estado – ao menos foi essa a motivação dos depositantes. Porém, Bolsonaro não seria Bolsonaro se assim fizesse. O “mito” recebeu e não pagou. E os apoiadores prometem doar ainda mais.

Então, ficamos assim: em pouco mais de quatro anos – que parecem duzentos! -. Bolsonaro foi de presidente da República a pedinte, passando por infrator, criminoso e caloteiro. Se não é o fim, ao menos o epílogo de uma triste história que o Brasil não precisava contar.