Com seu julgamento por tentativa de golpe de Estado em fase final e exposto a décadas na prisão, o ex-presidente Jair Bolsonaro chama seus apoiadores para se manifestarem neste domingo (29) em São Paulo em nome da “justiça”.
“O Brasil precisa de todos nós. É por liberdade, por Justiça”, publicou Bolsonaro na rede social X, ao convocar seus simpatizantes para uma marcha na Avenida Paulista.
“É um convite para que possamos mostrar força (…) Essa presença maciça amanhã nos dará ânimo”, declarou na noite de sábado em transmissão ao vivo no canal do YouTube AuriVerde Brasil.
A manifestação encerra um mês particularmente agitado para o ex-presidente no plano judicial.
Primeiro, negou qualquer intenção golpista em um interrogatório muito aguardado diante do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a quem Bolsonaro havia tachado de “canalha”.
Jair Bolsonaro, de 70 anos, é acusado de liderar uma organização criminosa que conspirou para mantê-lo no poder após perder as eleições presidenciais de outubro de 2022 contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Inelegível até 2030 por questionar sem provas o sistema eleitoral, pode receber pena de até 40 anos de prisão pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e associação criminosa, entre outros. Mas afirma ser vítima de uma “perseguição política” para impedi-lo de se candidatar às eleições no próximo ano.
Em junho, o cerco judicial se estreitou ainda mais quando a Polícia Federal recomendou o indiciamento de seu filho Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, suspeito de ter participado de uma suposta rede de espionagem ilegal durante o mandato do pai (2019-2022).
De acordo com os investigadores, o ex-presidente era o principal destinatário das informações obtidas e escolhia os espionados por uma estrutura paralela dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Bolsonaro convocou vários protestos ao longo de seu processo judicial, mas a participação parece ter diminuído nos últimos meses.
De acordo com cálculos da Universidade de São Paulo (USP), cerca de 45 mil pessoas participaram na última marcha na Avenida Paulista em abril, quase quatro vezes menos do que em fevereiro (185 mil).
“A gente precisa falar de liberdade, precisamos só de pacificação, vamos pregar pacificação”, afirmou, por sua vez, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que planeja participar da manifestação.
Ex-ministro de Bolsonaro, Tarcísio é um dos principais cotados para representar a direita nas eleições presidenciais de 2026. No entanto, o ex-mandatário ainda espera conseguir a anulação de sua inelegibilidade e não divulgou seu apoio a ninguém.
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