Depois da surpreendente vitória de um deputado do baixo clero, que acumulava vários mandatos sem trabalhar, todos imaginavam que ele não chegaria ao final do seu governo. Em alguns momentos, Bolsonaro balançou no cargo e conviveu perigosamente com o fantasma do impeachment. Os motivos eram muitos para que o Congresso pusesse fim aos seus desmandos. Mas o ex-capitão conseguiu dar uma virada no jogo, e atraiu o Centrão para o Palácio do Planalto, mantendo sob seu controle esse esquadrão de parlamentares venais. Maioria no Congresso, eles afastaram o risco do impedimento do presidente e o recolocaram no jogo da reeleição, à custa de pelo menos R$ 16 bilhões em emendas secretas e eleitoreiras.

O poder de comandar o País falou mais alto. Rompido com o PSL, que hoje se transformou no União Brasil depois da fusão com o DEM, Bolsonaro demorou para encontrar sua nova casa. Hoje, ostenta o PL, presidido por Valdemar Costa Neto, como a legenda com maior número de congressistas. São pelo menos 65 deputados e o número pode aumentar. É a nova potência eleitoral. Os parlamentares sabem da possibilidade de se reelegerem, por isso, a adesão.

Antes disso, o presidente caminhava em queda livre nas pesquisas de opinião pública. E, de novo, conseguiu se recuperar. Há quem pense que os principais motivos são os benefícios sociais, especialmente do Auxílio Brasil de R$ 400 que ele concedeu aos miseráveis. Entretanto, a inflação dos alimentos e o preço dos combustíveis nas nuvens já seriam antídoto suficiente para contrapor a qualquer “pacote de bondades” de Bolsonaro. Mas, não é o que ocorre.

O presidente está conseguindo se recuperar junto ao eleitorado. Ainda tem apoio de parte expressiva do empresariado que acredita na supervisão do ministro da Economia, Paulo Guedes, para manter seus interesses. E ainda lidera o discurso da direita e também da extrema-direita na pauta de costumes e da segregação social. Ele conseguirá chegar ao segundo turno, desfilando sua política de fake news e inverdades? Conseguirá dar a volta por cima ou a velha máxima de que não se pode enganar a todos o tempo todo vai vigorar?