Porrada, bundão… O linguajar e as atitudes de bêbado de botequim, ou de brigador de rua, ou de arruaceiro, escolha aí o leitor a comparação que quiser, tão comuns a Jair Bolsonaro, ao que parece, retornaram para ficar. Ou, no mínimo, até um novo Queiroz aparecer e colocar o valentão no lugar de um cordeirinho manso, como nos últimos meses.

No ápice da psicopatia negacionista e golpista, lá pelos idos de março a junho passados, Bolsonaro tretava dia sim, outro também, com a imprensa, com o Congresso, com o STF e com qualquer pobre mortal que ousasse não concordar com suas teses toscas sobre coronavírus, cloroquina, liberdade de expressão e, sim, democracia.

Tudo mudou quando o primeiro-amigo e ex-faz tudo do bolsokid Flávio, Fabrício Queiroz, foi flagrado, mocado em um cafofo do advogado da família Bolsonaro, Frederico Wassef. Assustado, acuado e sentindo o cheiro de impeachment no ar, o presidente tratou de se juntar à ala mais podre do Congresso, de reconstruir suas pontes no Supremo e nas Presidências da Câmara e do Senado, e de se comportar educadamente – ou, no mínimo, ficar calado – em público.

Porém, bastou que pesquisas recentes mostrassem uma subida importante na popularidade do boquirroto presidencial, impulsionada pelo corona voucher, para que o Bolsonaro verdadeiro emergisse das trevas e assumisse o lugar do Bolso fake, ameaçando “encher de porrada” a boca de um repórter, e agora chamando jornalistas de “bundões”, em plena cerimônia oficial no Palácio do Planalto.

Cerimônia para comemorar a vitória do Brasil contra a Covid-19. Qual vitória? Talvez a de um país que caminha para o recorde mundial de mortos e contaminados, atrás apenas, por enquanto, dos Estados Unidos. Ou de um país que sequer conta com um ministro da saúde efetivo. Ou do campeão mundial de superfaturamento, em compras de equipamentos e medicamentos. Ou, ainda, de ter o maior estoque de cloroquina do planeta enquanto faltam anestésicos e sedativos para intubação.

Vamos ver até onde vai o novo surto de truculência deste senhor. Os cheques na conta de Michelle continuam sem explicação, Queiroz e sua esposa continuam sob risco de prisão (a despeito de Gilmar Mendes) e os cofres públicos beiram o colapso, ou seja, a ajuda oficial de R$ 600 está com os dias contados. Não há popularidade que se sustente com barriga vazia e um país desgovernado. Dilma Roussef que o diga. E Bolsonaro não merece destino melhor.

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