Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro acusou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de ser parcial e voltou a atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Temos na verdade três ministros que infernizam não só o presidente, mas o Brasil: (Edson) Fachin, (Luís Roberto) Barroso e Alexandre de Moraes. Esse último é o mais ativo e se comporta como o líder de partido de esquerda e de oposição o tempo todo”, atacou Bolsonaro.

A falta foi feita em entrevista gravada na última quarta-feira pela TV Correio da Manhã. Um pequeno trecho da entrevista foi divulgado nas redes sociais do grupo de comunicação do Rio de Janeiro.

Fachin é o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral, atacado constantemente pelo presidente, que levanta dúvidas sem apresentar evidências sobre a lisura do processo eleitoral no país. Barroso é o ex-presidente da corte eleitoral, e Moraes é o relator do chamado inquérito das Fake News, que tem Bolsonaro e vários de seus apoiadores como alvo, e presidirá o TSE durante as eleições deste ano, quando Bolsonaro tentará a reeleição.

Perguntado se estava arrependido de ter apoiado a eleição de Pacheco para a presidência do Senado, Bolsonaro criticou também o senador pela defesa que tem feito do STF e do TSE.

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“Não vou negar que apoiei (a eleição de Pacheco), não esperava que ele fosse ser tão parcial como está sendo ultimamente. Não quero atrito com ele, mas uma parcialidade enorme”, disse.

“A gente vê na mídia e ele diz que está protegendo o STF. Não é atribuição nossa proteger o outro Poder, é tratar com dignidade e isenção, como propriamente diz nossa Constituição. O Poder mais forte do momento, da República, é o STF”, continuou.

Como mostrou a Reuters, Pacheco assumiu um papel de defesa pública do Judiciário depois dos recentes ataques de Bolsonaro ao Supremo, a partir do perdão dado pelo presidente ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado por atos antidemocráticos e ameaças a ministros da corte.

Em reuniões com um grupo de senadores, ficou acertado que o presidente do Senado seria o porta-voz de uma defesa mais enfática da democracia e do Judiciário, frente a um escalonamento de falas de Bolsonaro contra o que chama de interferências do STF no Executivo e suspeitas, sem evidências que as corroborem, sobre as próximas eleições, as urnas eletrônicas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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