Por Amanda Perobelli

PORTO FELIZ, São Paulo (Reuters) -O presidente Jair Bolsonaro chamou nesta sexta-feira o bilionário norte-americano Elon Musk de “mito da liberdade”, e disse que o anúncio do empresário de que compraria o Twitter foi como um “sopro de esperança”.

“Hoje em dia poderíamos chamá-lo de mito da liberdade. É aquilo que nos fará falta para qualquer coisa que, por ventura, possamos pensar para o futuro”, disse Bolsonaro, falando ao lado de Musk durante evento com empresários sobre conectividade na Amazônia, em um hotel de luxo em Porto Feliz, interior de São Paulo.

“O exemplo que nos deu há poucos dias, ao anunciar a compra do Twitter, para nós foi como um sopro de esperança”, acrescentou o presidente.

O evento sobre conectividade na Amazônia e o encontro com Musk, que é presidente-executivo da fabricante de carros elétricos Tesla e da empresa espacial SpaceX, não constaram da agenda oficial pública de Bolsonaro para esta sexta-feira.

O presidente fez das redes sociais uma ferramenta crucial na campanha que o elegeu em 2018, e o Twitter é parte importante de sua estratégia de comunicação.

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Críticos de medidas da rede social para moderar o conteúdo na plataforma, Bolsonaro e seus apoiadores saudaram a possibilidade de Musk, que tem mudado seu posicionamento ideológico em direção à direita, comprar o Twitter.

Mais tarde, durante uma mesa redonda, com Musk ao lado, o presidente voltou a elogiar o empresário e a compra da plataforma de mídia social.

“Quando você comprou o Twitter para muita gente aqui no Brasil foi como se fosse um grito de independência, 200 anos depois que ela ocorreu aqui”, disse. “Essa nossa liberdade simbolizada por esse telefone celular não pode se calar. E tudo que você puder fazer para o mundo nesse sentido fará por nós também, e seremos eternamente gratos.”

Em uma entrevista ao final do seminário, já sem Musk ao lado, Bolsonaro explicou que não conversou com o empresário sobre o assunto, mas que a compra do Twitter por Musk representa “a liberdade de imprensa que nós sempre queremos e desejamos, liberdade total.”

“Não tem que ter limite. Limite é apenas aquilo definido em lei e não na cabeça de uma pessoa ou outra. Nossa liberdade, que é, no meu entender, um campo fértil para grandes avanços no futuro”, afirmou.

Na quarta-feira, Musk afirmou em um tuíte que anteriormente havia votado no Partido Democrata, do atual presidente dos EUA, Joe Biden, mas que agora votará no Partido Republicano, do ex-presidente Donald Trump, de quem Bolsonaro é fã declarado.

“No passado eu votei nos democratas, porque eles eram (em sua maioria) o partido da bondade. Mas eles se tornaram o partido da divisão e do ódio, então não posso mais apoiá-los e votarei nos republicanos”, escreveu Musk.

Mais cedo, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse em sua conta no Twitter que Musk viria ao Brasil para discutir conectividade na Amazônia com autoridades do governo brasileiro. O bilionário se reuniu com Faria em novembro, nos EUA, e na ocasião os dois discutiram o uso da tecnologia da SpaceX para levar internet a escolas de áreas rurais e para ajudar a combater o desmatamento da Amazônia.

Atualmente, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao governo federal, monitora o desmatamento da floresta por satélites, incluindo alertas em tempo real. No passado, Bolsonaro questionou, sem apresentar evidências, a confiabilidade dos dados do Inpe, após o instituto apontar crescimento do desmatamento da Amazônia, gerando pressão internacional sobre seu governo.

Em sua fala, Bolsonaro não detalhou como Musk e suas empresas poderiam ajudar a combater a destruição da floresta, que tem registrado recordes recentes, mas disse que conta com o bilionário norte-americano para levar ao mundo o que ele afirmou ser a verdade sobre a Amazônia.

“A questão da Amazônia para nós é muito importante. Nós pretendemos e precisamos, e contamos com o Elon Musk, para que a Amazônia seja conhecida por todos no Brasil e no mundo. Mostrar a exuberância dessa região, como ela é preservada por nós e quanto malefício causam para nós aqueles que difundem mentiras sobre essa região”, disse Bolsonaro.


(Reportagem de Eduardo Simões, Amanda Perobelli e Lisandra ParaguassuEdição de Pedro Fonseca, Roberto Samora e Isabel Versiani)


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