SÃO PAULO, 23 NOV (ANSA) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou por uma audiência de custódia neste domingo (23), em Brasília, e alegou que a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica ocorreu em decorrência de um surto causado por medicamentos.
“Depoente [Bolsonaro] afirmou que estava com ‘alucinação’ de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa”, diz a ata da audiência, protocolada pelo ministro Alexandre de Moraes.
O ex-mandatário, que recebeu a visita do médico Cláudio Birolini e do advogado Daniel Tesser antes da audiência, também negou que tivesse intenção de fugir.
Além disso, Bolsonaro relatou que “não se lembra de ter um surto dessa natureza em outra ocasião” e que “começou a tomar um dos remédios a cerca de quatro dias antes dos fatos que levaram à sua prisão”.
“Indagado acerca do equipamento de monitoramento eletrônico, o depoente respondeu que teve uma ‘certa paranoia’ de sexta para sábado em razão de medicamentos que tem tomado receitados por médicos diferentes e que interagiram de forma inadequada”, acrescenta a ata.
Bolsonaro contou que tem o “sono picado” e “não dorme direito resolvendo, então, com um ferro de soldar, mexer na tornozeleira, pois tem curso de operação desse tipo de equipamento”.
Segundo ele, a tentativa de violar a tornozeleira ocorreu por volta de meia-noite, mas depois, ‘caindo na razão’, cessou “o uso da solda, ocasião em que comunicou os agentes de sua custódia”.
Bolsonaro disse ainda que estava acompanhado de sua filha, de seu irmão mais velho e um assessor na sua casa e nenhum deles viu a ação com a tornozeleira. Informou que as demais pessoas que estavam na casa dormiam e que ninguém percebeu qualquer movimentação.
A audiência de custódia é um procedimento obrigatório após a prisão, destinado a verificar a legalidade da detenção e avaliar as condições físicas do preso. A condução do caso foi realizada por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Após a videoconferência, a prisão preventiva do ex-presidente foi mantida e homologada. Agora, na segunda-feira (24), terá início o julgamento virtual na Primeira Turma do STF, que analisará a manutenção da reclusão. Os ministros poderão votar entre 8h e 20h para confirmar ou não a decisão de Moraes.
A detenção de Bolsonaro foi decretada no sábado (22) por Moraes e se baseou em dois pontos centrais: a vigília organizada na sexta-feira (21) pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio onde ele vive e a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica. (ANSA).