Dificilmente alguém imaginaria que depois de mais de três décadas de vigência da Constituição cidadã, o Brasil passaria por uma situação tão grave como a atual. A democracia está em risco. As instituições edificadas ao longo dos últimos anos estão sob ataque. Jair Bolsonaro durante seu governo foi solapando paulatinamente os avanços democráticos desde 1988. Destruiu políticas públicas exitosas, espalhou o medo, isolou o Brasil das nações democráticas e jogou brasileiros contra brasileiros.

A alternância no poder – um dos princípios básicos da democracia – está sendo alvo de uma campanha sistemática de desinformação como nunca na nossa história. Bolsonaro aponta para um cenário de guerra civil, pois necessita desviar as atenções do fracasso do seu governo. Conta com o apoio da extrema direita nacional e internacional para financiar e propagar notícias falsas, criando um cenário de turbulência e afastando a discussão política do cenário eleitoral. Teremos a campanha mais curta das eleições recentes, mas também a mais violenta. Mais violenta e menos politizada. O fanatismo vai substituir a racionalidade, o livre debate de ideias, projetos e programas de governo.

O desafio dos democratas é impedir que o plano bolsonarista dê certo. É essencial recolocar a política no centro do debate eleitoral, não cair em provocação e evitar o panfletarismo que nada constrói. Ou seja, traçar as linhas por onde vão passar a política, as ideias, os projetos para o Brasil, tudo que o bolsonarismo não consegue fazer.

Teremos a campanha eleitoral mais curta das eleições recentes e também a mais violenta. Haverá mais violência e menos polarização

Jair Bolsonaro já definiu que vai apostar no golpe. Marcou até o “esquenta”: 31 de julho. E no dia Sete de Setembro – quando o Brasil completa 200 anos, mais uma ironia da história – pretende incitar seus fanáticos seguidores contra as instituições de Estado. O avanço golpista é evidente.


É realizado às claras. O ataque às urnas eletrônicas, por exemplo, representa uma ação coordenada, com muitos recursos financeiros, para tentar desqualificar as eleições. Tudo isso quando em um quarto de século não houve nenhum caso comprovado de fraude com o uso das urnas eletrônicas, tanto nas eleições municipais, quanto nas eleições gerais.

O desespero de Bolsonaro é explicável. Sabe que está derrotado e que terá, fora do governo, de prestar contas à justiça. Sabe também que o apoio que obteve no Congresso vai logo se desmanchar, após a sua derrota eleitoral, em outubro. A tendência será do isolamento completo, restando apenas o apoio de seus fanáticos seguidores.