O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que aceita discutir “no futuro” a instalação de uma base militar dos Estados Unidos do território brasileiro, e mostrou sua preocupação com a relação entre Venezuela e Rússia.

“De acordo com que possa vir a acontecer no mundo, quem sabe se você não tenha que discutir essa questão no futuro”, declarou o capitão da reserva do Exército, de 63 anos, em entrevista ao SBT.

“A questão física pode ser até simbólica, porque hoje em dia o poderio das forças armadas americanas, chinesas, russas, alcança o mundo todo, independentemente de base”.

Bolsonaro se reuniu nesta quarta-feira com o secretário americano de Estado, Mike Pompeo, com quem se comprometeu a incrementar a cooperação no âmbito dos negócios, da segurança e do combate aos “regimes autoritários” como em Cuba ou na Venezuela.

O presidente manifestou sua “preocupação” com as manobras militares realizadas no início dezembro entre Venezuela e Rússia no solo venezuelano, para as quais foram enviados bombardeiros russos.

“Como estava previsto, Rússia fez uma manobra na Venezuela, nós sabemos qual a intenção do governo de Maduro, da ditadura do Maduro, e o Brasil tem que se preocupar com isso”.

“Nós não queremos aqui ter um superpoder na América do Sul, mas devemos ter, ao meu entender, a supremacia”.

“Minha aproximação com os Estados Unidos é econômica, mas pode ser bélica também. Podemos discutir esta questão no futuro”, declarou Bolsonaro.

O presidente afirmou ainda que nos últimos “20 ou 25 anos” as Forças Armadas brasileiras foram “abandonadas por uma questão política”, porque “são o último obstáculo para o socialismo”.

O líder venezuelano, Nicolás Maduro, acusou recentemente os Estados Unidos de coordenarem um complô para gerar incidentes armados nas fronteiras da Venezuela com Brasil e Colômbia visando justificar uma intervenção militar.

Na mesma entrevista ao SBT, Bolsonaro confirmou sua presença no Foro Econômico Mundial, em Davos, no que será sua primeira viagem internacional como presidente.

“Pretendo ir à Suíça, a Davos, para participar desse encontro lá. Será minha estreia fora do Brasil”.

Bolsonaro participará do encontro – entre 21 e 25 de janeiro – que reúne a elite econômica e política mundial, acompanhado de sua todo poderoso ministro da Fazenda, Paulo Guedes.

O presidente explicou que para poder viajar a Davos retardou em alguns dias, até “28 ou 29” de janeiro, a cirurgia para retirar a bolsa de colostomia que carrega desde o atentado que sofreu em Juiz de Fora durante a campanha eleitoral.

Após a intervenção, Bolsonaro deverá permanecer no hospital entre cinco e sete dias, segundo especialistas.