Já faz quase um mês que Bolsonaro submergiu. Não sai mais do sombrio Palácio do Alvorada, não vai ao cercadinho destilar suas asneiras e abandonou definitivamente o Palácio do Planalto. Deixa, claramente, que não governa, não quer governar e que encerrará seu governo como começou: sem nenhuma aptidão para a gestão da máquina pública, deixando uma imensa herança maldita e desprezando a liturgia do cargo, o que o fez assumir a condição de pária internacional e lhe garantir o troféu de o pior presidente da história. Age como se tivesse abdicado de governar.

Não que a população esteja entristecida com esse gesto bizarro. Desde que assumiu, Bolsonaro não fez por merecer o posto de presidente e muito menos o reconhecimento como chefe de Estado de um País que está entre as dez maiores economias do mundo. O capitão só nos envergonhou no exterior e nos fez retroceder décadas em matéria de políticas públicas, desde a Saúde, Educação e Meio Ambiente, entre outras. Pior, o Brasil voltou ao mapa da fome da ONU.

A maioria da população quer que ele deixe efetivamente de governar. Os quatro anos que ocupou o Palácio do Planalto foram para ser esquecidos na lata do lixo da história. Torcemos para que ele continue os próximos 45 dias mudo como está, sem as lives abjetas que promovia às quintas-feiras e sem proferir seus discursos recheados de frases racistas, misóginas, homofóbicas e fascistas. Que Bolsonaro retorne às profundezas das catacumbas da Idade Média, de onde se abastecia com os temas que trazia à discussão durante o tempo em que esteve no Poder.

Na verdade, institucionalmente o Brasil está lucrando com essa deserção de Bolsonaro. Ao deixar de governar, ele se ausentou de discussões internacionais de grande importância para a humanidade, como a COP27, no Egito, que está debatendo os efeitos das mudanças climáticas que a ação dos homens provoca ao meio ambiente, como o desmatamento da Amazônia, comandado por ele em quatro anos de seu desgoverno. O melhor para o Brasil é que o presidente eleito Lula nos representou na conferência e o País voltou a atrair os recursos que as nações ricas deixaram de aplicar aqui por causa da política genocida do mandatário.

Bolsonaro também não compareceu à reunião do G-20, realizada na Indonésia, mostrando sua insignificância perante o mundo. Basta lembrar que apenas dois líderes mundiais não compareceram ao evento: Bolsonaro e Putin, por causa das insanidades que promove com a absurda guerra na Ucrânia. O presidente bem que podia aproveitar o clima natalino e ofertar um presente para a sociedade brasileira: deixar definitivamente o governo. Se tiver medo de sair preso, pode ir morar no exterior. Afinal, os filhos já têm cidadania italiana.