Está em nossas mãos, como de fato deve estar em um regime democrático que preze eleições periódicas, voto secreto e sufrágio universal, a chance de começarmos a construir uma nação.

Democraticamente, a Constituição Brasileira, a nossa Carta Cidadã promulgada em 1988, estabelece em suas primeiras linhas que “todo o poder emana do povo e por ele será exercido por meio de seus representantes eleitos ou diretamente”. Antigamente, a Constituição dizia: “todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”. Notem a diferença: hoje, segundo a lei maior do Brasil, ninguém exerce o poder em nome do povo, mas é o próprio povo quem o exerce por meio do candidato eleito.

Pois bem, para que o povo exerça o poder, digamos em uma só voz — “Bolsonaro: nunca mais”! A razão é simples: se ele, enquanto incumbente, for reeleito, o poder popular será usurpado; o poder do povo será acorrentado; o poder do povo será esvaziado. E ele, o presidente reeleito, se refestelará então em seu castelo de forma tirânica. E governará somente para seus iguais, somente para aqueles que frequentam o seu estreito e desflorido quintal ideológico. Quintal de terra infértil.

Chegou o momento de dizermos “Bolsonaro: nunca mais”, porque nunca mais queremos ditadura militar ou ditadura civil no Brasil — e Bolsonaro quer a volta do militarismo, por ele comandado. Só não concorda com isso quem não nada viu e nada ouviu nos últimos quatro anos: o capitão da reserva Jair Bolsonaro elogia torturadores da época da ditadura militar, como é o caso dos elogios que faz ao falecido Carlos Alberto Brilhante Ustra. Sob a sua chefia, o famigerado DOI-Codi, quando ainda era Operação Bandeirantes (Oban), massacrou Alexandre Vannucchi Leme, um jovem de 22 anos, primeiro colocado no vestibular para geologia na Universidade de São Paulo. Motivo: Alexandre Vannucchi (hoje nome de escolas e praças) lutava contra a ditadura militar. A tortura e morte se deu em 1973. É dessa gente torturadora que Bolsonaro gosta.

Bolsonaro furtará para si o poder popular para acabar de minar e aparelhar diversos órgãos do Estado, como o fez em sua primeira gestão. Com um novo mandato, ele completará o serviço infame, a obra fúnebre. Ao longo desses sofridos e pesados e sombrios últimos quatro anos vimos um mandatário tentando de todas as maneiras destruir as instituições democráticas, afrontando o Estado Democrático de Direito, esforçando-se para reduzir a pó a intelectualidade, os artistas e as atividades artísticas, os pesquisadores, os cientistas, os professores, os ambientalistas, as mulheres — todos, enfim, que não alimentaram a sua insciência, a sua imprestabilidade.

Como votar em um homem que, em pleno e doloroso momento da pandemia no qual pessoas morriam por falta de ar devido à ausência de respiradores, fez graça com isso? Como votar em um homem que ficou imitando pessoas morrendo sem oxigênio. Não sem motivo ele gosta de torturadores.

Bolsonaro tem de ser retirado da vida pública, que vá andar alucinado de moto e jet ski, mas nos deixe em paz para erguermos esse País. Com ele não existe a possibilidade de se erigir uma Nação.

Que não se iludam os que recebem os benefícios financeiros porque estão desempregados ou sem renda, porque ele cortará tais benefícios.

Bolsonaro não serve para nada, a não ser para seus delírios.

Tenhamos coragem: Bolsonaro a gente joga fora.