Ainda que a Justiça tente punir bolsonaristas que disseminam o discurso do ódio pelas redes sociais, parte deles continua se dedicando a essa atividade criminosa em plataformas onde a legislação brasileira não tem alcance. O blogueiro Allan dos Santos é um deles. Foragido e com as contas de outras redes sociais bloqueadas, ele migrou para o Telegram, onde continua online difundindo fake news. Assim como ele, outros apoiadores do ex-capitão aproveitam essa onda, já que o aplicativo permite a atuação de robôs, não tem controles rígidos e não possui representação no Brasil – apenas em Dubai, nos Emirados Árabes.

É por lá que o clã Bolsonaro tem se comunicado desde que o cerco em torno deles começou a se fechar dentro das redes sociais mais convencionais, como o Facebook. Recentemente, Bolsonaro também foi punido no Youtube, após divulgar uma live com mentiras sobre a vacina da Covid, relacionando-a à Aids.

A atuação dos militantes bolsonaristas na internet é algo que já desperta preocupação da Justiça às vésperas de mais uma eleição presidencial. A preocupação, no entanto, deveria ir além. Graças à existência desse tipo de discurso, o mandatário encontra arrimo entre os fanáticos para agredir quem quer que seja. Mais recentemente, na Itália, o presidente protagonizou uma cena lamentável em que ele e seus seguranças atacaram, de maneira inédita, jornalistas que cobriam sua inócua visita à Europa.

Os resultados desse comportamento recorrente de Bolsonaro já estão postos. O Brasil já é pária internacional. Mas, no limite, a manutenção dessa postura pode custar ainda mais vidas, além das 610 mil que já foram perdidas brutalmente na pandemia, graças às atitudes criminosas do presidente.