O senador Romário (PL-RJ) tem feito uma carreira política discreta, distante de seu desempenho como jogador de futebol. Não é brilhante na atuação legislativa e tampouco faz alguma bizarrice. É um parlamentar mediano. Tirando o fato de estar alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, vai seguindo seu caminho tranquilamente, pensando em uma reeleição bastante provável neste ano. Mas esse destino pode mudar. Com a intensificação dos laços com o deputado ultradireitista Daniel Silveira, os bolsonaristas não querem mais saber de Romário. Havia uma única candidatura da direita ao Senado pelo estado do Rio de Janeiro, até agora indicada para o ex-centroavante. O que parecia favas contadas pode virar uma disputa encarniçada.

Nos últimos dias, os bolsonaristas ficaram em polvorosa e começaram a atacar Romário nas redes sociais, dizendo que ele trabalha pouco, e intensificaram uma campanha em favor de Silveira, que seria candidato pelo PTB, coligado com o PL. Apesar do alinhamento de Romário com o presidente. Silveira representa o bolsonarismo raiz, mais ideológico, com arma na mão e sem papas na língua, que interessa aos defensores do regime promover. Em uma de suas principais bases eleitorais, o Rio de Janeiro, Bolsonaro aprova colocar um candidato de estilo mais miliciano, mas tem uma relação política produtiva com o ex-jogador. Romário seria considerado fisiológico e muito paz e amor pelos seguidores mais radicais do presidente, que defendem o nome de Silveira.

O presidente reforça apoio ao ex-craque, mas aliados tentam impulsionar a candidatura do deputado Daniel Silveira e acirram disputa pela vaga do Rio de Janeiro no Senado

Imediatista e pressionado pela base, Bolsonaro tem grande possibilidade de perder o controle sobre a situação no Rio de Janeiro. Há um movimento de radicalização nas bases do bolsonarismo em prol de um discurso ainda mais autoritário
e de uma atitude intransigente e violenta contra a oposição. E Silveira simboliza essa guinada em sentido a uma ideologia de resultados, orientada por um militarismo grotesco, que busca claramente o golpe e não está nem aí para o cumprimento de protocolos democráticos. Um novo passo em direção à barbárie, Romário virou um moderado, um bolsonarista fisiológico que simplesmente aproveita as oportunidades. Já Silveira, decidido a disputar o Senado, é o cara que veste a camisa.