Bolsonaristas apoiam golpe na Bolívia e relativizam 8 de Janeiro

Tropas militares em veículos blindados são vistas nos arredores da Plaza Murillo, em La Paz, em 26 de junho de 2024. O presidente boliviano, Luis Arce, denunciou na quarta-feira a reunião não autorizada de soldados e tanques em frente aos edifícios do governo na capital La Paz, dizendo que "a democracia deve ser respeitado." “Denunciamos mobilizações irregulares de algumas unidades do Exército Boliviano”, escreveu Arce na rede social X. O ex-presidente Evo Morales escreveu no mesmo meio que “um golpe de Estado está se formando”. AIZAR RALDES/AFP
Tropas militares em veículos blindados foram vistas nos arredores da Plaza Murillo, em La Paz Foto: AIZAR RALDES/AFP

Após a tentativa de golpe militar na Bolívia, na quarta-feira, 26, bolsonaristas declararam apoio a atitude do general Juan José Zúñiga no país vizinho e ainda usaram o episódio para relativizar os atos golpistas do 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília (DF).

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Por meio de uma publicação no X (antigo Twitter), o deputado federal Ricardo Salles escreveu: “Na Bolívia, as melancias têm coragem”.

A líder da minoria na Câmara dos Deputados, Bia Kicis (PL-DF), comemorou a tentativa de golpe na Bolívia. “Golpe de estado na Bolívia? Se não tem velhinhas com a bíblia na mão, cabeleireiras armadas com batom, famílias cantando o hino nacional e rezando, não é golpe!”, completou nas redes sociais.

Outros bolsonaristas usaram o episódio para mandar indiretas ao STF (Supremo Tribunal Federal), como o senador Rogério Marinho (PL-RN) que disse nas redes sociais: “Bom o STF e grande parte da imprensa brasileira entenderem a diferença de um golpe e uma baderna”.

Golpe na Bolívia

O general Juan José cercou o palácio presidencial por horas com tropas e veículos blindados. O militar afirmou que estava ali para “expressar seu descontentamento” e que precisava haver uma troca ministerial. Ainda ressaltou que soltaria “prisioneiros políticos”, incluindo a ex-presidente Jeanine Áñez, condenada a 10 anos de prisão por organizar um golpe de estado contra o ex-mandatário Evo Morales, em 2019.

Alguns horas depois, o general foi preso por liderar a tentativa golpista e disse a jornalistas que teria agido a mando do presidente boliviano, Luis Arce, que supostamente queria realizar um autogolpe para aumentar a sua popularidade com a população, visto que pretende disputar as eleições em 2025.