O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve anunciar nos próximos dias o nome do deputado federal bolsonarista Capitão Derrite (PL-SP) como secretário da Segurança Pública a partir de 2023. O parlamentar já integra a equipe do gabinete de transição, além de ter participado da campanha como um dos coordenadores do plano de governo da área.

Derrite é próximo da ala ideológica do bolsonarismo. Foi oficial das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), uma das tropas de elite da Polícia Militar paulista. Seu nome atende às pressões de aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem Tarcísio é apadrinhado político.

Outros dois nomes, no entanto, ainda disputam o cargo: o procurador de Justiça Antônio Ferreira Pinto, que já foi secretário da pasta e tem a confiança de Tarcísio, e o coronel Ricardo Mello, atual presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns-gerais de São Paulo (Ceagesp) e também ex-comandante da Rota.

O governador eleito tem dito a interlocutores que há 90% de chances de Derrite ocupar a cadeira. A aliados, Tarcísio elogia a “consistência técnica” do deputado federal, que estaria preparado para combater o crime organizado com inteligência e tecnologia da informação – bandeiras defendidas durante a campanha.

Até o anúncio, no entanto, o governador eleito tem testado a aceitação de seu preferido nas Polícias Militar e Civil e, segundo aliados, ficou positivamente surpreso. O Estadão apurou que Derrite já tem marcado reuniões com atuais representantes da área para debater propostas para a segurança a partir do próximo ano.

Alinhamento

Assim como Tarcísio, o parlamentar critica o uso de câmeras nos uniformes dos policiais militares. Ele já afirmou em entrevistas que os equipamentos inibem a atuação dos agentes.

Com um discurso tido como radical, Derrite defende também o fim das saídas temporárias de presos em datas comemorativas, como o Natal e o Dia das Mães. Como deputado federal, conseguiu aprovar em agosto, por 311 votos a favor e 98 contrários na Câmara, o projeto de lei de sua autoria que extingue as chamadas “saidinhas”. O texto ainda vai passar pelo Senado.

Em consonância com o que defende Tarcísio, o deputado também é contra a realização de audiências de custódia para avaliar a legalidade e manutenção das prisões efetuadas pela polícia. O parlamentar já protocolou dois projetos de lei que tratam do tema.

Secretarias

Tarcísio já definiu outros cinco nomes para chefiar pastas. O escolhido para a principal delas foi o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que assumirá a Secretaria de Governo. O nome foi confirmado pelo governador eleito anteontem, mas o anúncio oficial ainda não foi feito.

A Secretaria da Educação ficará sob o comando de Renato Feder. Na Saúde, o futuro chefe será o médico Eleuses Paiva. Uma das principais pastas da gestão, a Casa Civil, terá o comando do advogado Arthur Lima. Única mulher anunciada para o primeiro escalão até agora, a procuradora federal Natalia Resende vai comandar uma “supersecretaria”, que incorpora a de Infraestrutura e Meio Ambiente com a de Logística e Transportes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.