O ex-agente penitenciário federal Jorge Guaranho foi condenado a 20 anos de prisão, em regime fechado, nesta quinta-feira, 13, pelo assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR), em 2022.
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A sentença do Tribunal do Júri, conduzido pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, foi anunciada nesta quinta-feira, 13, após três dias de julgamento. O conselho de sentença foi formado por quatro mulheres e três homens.
A denúncia por homicídio doloso duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum foi oferecida pelo Ministério Público do Paraná. O órgão afirma que o crime foi motivado por “preferências político-partidárias antagônicas”, o que foi considerado “motivo torpe”. Isso porque a legislação brasileira não contempla expressamente a motivação política como qualificadora para um crime.
A pena para o homicídio simples varia de 6 a 20 anos de prisão. Já para o homicídio qualificado, a punição pode saltar para até 30 anos de prisão. Por isso, para a acusação, um ponto central era convencer os jurados de que o assassinato aconteceu por divergências ideológicas.
O crime aconteceu durante a festa de aniversário de 50 anos do petista em um clube de Foz do Iguaçu. O policial penal invadiu a celebração e matou o guarda a tiros na frente de familiares e convidados. O aniversário tinha temática do PT e, segundo o vigilante do local, Guaranho gritou “aqui é Bolsonaro” antes de atirar. Tudo foi registrado por câmeras de segurança.
Jorge Guaranho foi ouvido na quarta-feira, 12, por cerca de duas horas. Por orientação dos advogados, não respondeu às perguntas da acusação. O ex-policial penal admitiu que chegou de carro na festa com a música da campanha do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse que hoje considera a iniciativa uma “idiotice”. Também alegou que atirou para se defender.
Guaranho compareceu ao segundo dia de julgamento em muletas. “Eu mesmo namorei uma menina que era do Partido dos Trabalhadores”, pontuou o réu, ressaltando que não houve motivação política para o assassinato de Arruda.
Em contato com o site IstoÉ, a Botelho e Rafaelle Boito Advogados, que fez a assistência da acusação, pontuou por meio de nota que foram apresentadas ao júri as provas que Guaranho foi até a festa para ameaçar a vítima antes de voltar para a casa e retornar à celebração para matar Arruda. “Ele alega arrependimento, mas essa afirmação é confusa, uma vez que ele diz ter agido em legítima defesa”.
Além dele, foram ouvidas nove testemunhas arroladas tanto pela acusação quanto pela defesa.
Veja quem foi ouvido no julgamento:
- Pâmela Suellen Silva, viúva de Marcelo Arruda;
- Daniele Lima dos Santos, vigilante do clube;
- Denise de Oliveira Carneiro Berejuk, perita criminal que analisou as imagens das câmeras de segurança do local do crime;
- Wolfgang Vaz Neitzel, amigo de Marcelo Arruda que participou da festa e presenciou a discussão;
- Edemir Alexandre Riquelme Gonsalves, tio de Pâmela, que comprou decoração da festa;
- Marcelo Adriano Ferreira, policial penal que trabalhava com Jorge Guaranho;
- Márcio Jacob Muller Murback, amigo de Guaranho que tinha acesso às imagens das câmeras de segurança do local onde ocorria a festa;
- Simone Cristina Malysz, perita que participou da elaboração de laudos do caso;
- Alexandre José dos Santos, amigo de Marcelo Arruda, que também estava na festa.
O site IstoÉ tentou contato com a defesa de Jorge Guaranho, mas não obteve resposta até o momento de publicação desta notícia. O espaço segue aberto para manifestação.
Relembre o caso
No dia 9 de julho de 2022, Marcelo Arruda comemorava o aniversário de 50 anos que tinha como tema o Partido dos Trabalhadores (PT). Guaranho, que não era convidado da festa, invadiu o local armado declarando ser apoiador do então presidente Jair Bolsonaro e atirou contra o petista, conforme imagens das câmeras de segurança. Antes de morrer, Arruda revidou e atirou em Guaranho.
O policial penal Jorge Guaranho está preso e foi denunciado por homicídio qualificado por matar a tiros o guarda municipal.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) entendeu que o crime teve motivação política. Guaranho responde por homicídio duplamente qualificado. O julgamento no Tribunal do Júri está previsto para dia 4 de abril.