Com perfil conservadora e de ‘bolsonarista raiz’, a vereadora Sonaira Fernandes (PL) deve ser a próxima presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Câmara de São Paulo.
Sonaira tem apoio do MDB, União e Podemos, além do PL, seu partido, que tem a maior bancada da Casa. A comissão foi uma das condições do partido de Jair Bolsonaro para apoiar o prefeito Ricardo Nunes (MDB) em sua reeleição.
‘Damares de São Paulo’
Ex-assessora de Eduardo Bolsonaro (PL) e chamada por bolsonaristas como ‘Damares de São Paulo’, em referência à senadora Damares Alves (PL-DF), a parlamentar é evangélica e diz ser contra o feminismo. Durante as eleições municipais de 2020, foi a única vereadora a receber o apoio do então presidente Jair Bolsonaro (PL), conseguindo assim se eleger para o seu primeiro mandato.
Na Câmara Municipal, Sonaira Fernandes apresentou projetos controversos, incluindo a proibição de cotas raciais em instituições públicas e privadas, o veto ao uso de conteúdo “pornográfico, erótico ou sensual” nas escolas municipais e a proposta de que o sexo biológico seja o único critério para a participação de atletas em competições no município.
Ao site IstoÉ, a vereadora afirmou não ser adepta a proposta de privatização das instituições de ensino municipais, mas admitiu simpatizar muito com o programa de escola cívico-militar. A parlamentar, no entanto, prometeu uma gestão voltada para a saúde física, psicológica e emocional dos educadores.
“Muitos deles estão enfrentando graves problemas de saúde que estão, sim, associados ao estresse da rotina escolar em ambientes hostis e complicados. A saúde dos professores e dos trabalhadores das escolas será uma das nossas prioridades”, disse.
A vereadora destacou que vai procurar dialogar com todos, pois isso faz parte das atribuições do presidente da comissão, mas enxerga “uma grande resistência por parte da esquerda que defende há décadas o mesmo projeto falido de educação”.
À reportagem, o vereador Celso Giannazi, nome que o PSOL tentará emplacar para a comissão, vê preocupação com a presidência da Comissão de Educação, Cultura e Esporte nas mãos do PL. O partido terá apoio apenas do PT e do PSB, o que dificulta os planos da oposição.
“Participei da Comissão de Educação na legislatura passada e tive debates calorosos com a vereadora Sonaira por apresentar pautas reacionárias e ligadas à igreja. Com ela à frente da comissão, poderá avançar pautas como escola sem partido, porte de armas para os professores e a privatização da gestão das escolas, além de procurar vetar palavras como racismo, homofobia e transfobia”, declarou.
Apesar da quase definição, a Câmara adiou nesta terça-feira a indicação de membros de comissões e atrasou o início das votações. Com a decisão, o início da votação de projetos deve atrasar pelo menos uma semana.