Eu tenho birra de 99.99% dos políticos do País. Parece muito? Bem, se levarmos em conta os eleitos e não eleitos (mas em constante atuação), são cerca de 400 mil brasileiros dispostos a servir, ou servir-se, do cidadão. Sobram, portanto, cerca de 50 políticos para eu gostar. Viram como não é muito? Talvez eu chegue a uns 30, no máximo, hehe.

Dentre estes 30 afetos está Cleiton Gontijo de Azevedo, o Cleitinho, senador eleito por Minas Gerais. Por que gosto dele? Bem, em primeiro lugar é honesto, e ainda que seja obrigação, é diferencial na política brasileira. Além disso, me parece genuinamente disposto a brigar pela população, sobretudo a mais carente. Por fim, tem um grande coração.

Cleitinho tem experiência política, conhece administração pública, possui notório saber em alguma coisa? Não. É um cara simples, sem grande habilidade técnica, que compensa suas carências com muita força de vontade, humildade e dedicação. Por isso, ainda que não seja o perfil que considero adequado para um senador, merece todo o meu respeito.

VIRANDO A PÁGINA

Quero muito o bem dele e torço para que cresça politicamente, adquira conhecimento e habilidades, e se torne um grande nome da política mineira (no mínimo). Mas, para isso, será necessário trabalhar pelo Brasil e exercer o papel de senador. Do contrário, ainda que seja eleito e reeleito 2 mil vezes, jamais será lembrado com admiração.

Cleitinho precisa – imediatamente!! – descer do palanque e do sensacionalismo das redes sociais. Se foi eleito assim e deu certo até hoje, está na hora de dar um salto de qualidade. Precisa se capacitar, fazer novas amizades e abandonar a gritaria típica de quem não tem conteúdo nem nada mais a oferecer, senão demagogia e pautas ideológicas.

Um senador possui responsabilidades maiores que berrar contra os gastos do atual presidente (até porque não o fez contra o ex-presidente, seu aliado). Um senador não tem de fazer teatrinho infantil com buracos de estrada (algo que não fez, como deputado, com o governo anterior). Principalmente, não deve atuar como linha auxiliar de deputado.

NIKOLAS FERREIRA

Infelizmente, Cleitinho tem servido como coadjuvante de Nikolas Ferreira, deputado federal por Minas Gerais. Conhecido arruaceiro digital, que faz do reacionarismo sua única bandeira, já que sem capacidade intelectual e aptidão humana para mais nada, o campeão nacional de votos inúteis cooptou o senador e o transformou em seu bibelô.

Juntos, gravam vídeos para TikTok, Instagram e outras plataformas “caça-cliques”, com pautas populares e sensacionalistas de fácil apelo. Nikolas é expert nisso, Cleitinho, também, ainda que um pouco menos. Ambos se elegeram assim, mas só o senador mostrou serviço como vereador, em Divinópolis, e deputado estadual, em Minas Gerais.

A Níkolas não resta nada, senão grosserias de cunho homofófico, transfóbico, gordofóbico e outras práticas desumanas. Mas a Cleitinho, não. Já mostrou que pode mais e que é capaz de crescer para além da demagogia barata. Porém, para isso, precisa se descolar do fanático bolsonarisa e assumir o tamanho que possui (é senador, e não deputado).

ENCERRO

Crie uma agenda digna, produtiva e de fato transformadora, Cleitinho. Lute por Minas e pelos mineiros. Abandone o “brigador de rua” e deixe o “estadista” tomar lugar. Você tem um carisma incrível e uma doçura nata. Use essas características para construir, e não para destruir. Gente como Nikolas já temos aos montes, mas como você, não.

Eu quero o Cleitinho em Brasília, e não um mero mamulengo de Nikolas Ferreira. Eu quero ter orgulho do meu senador, e não repulsa dele. Eu quero poder te encontrar, ver aquele sorrisão encantador no seu rosto e te agradecer por seu trabalho, e não virar a cara, com desprezo. Forte abraço, meu caro! Saiba que escrevo isso com o maior carinho.