Bolsonaro e Lula adotam os mesmos métodos em suas estratégias políticas. Embora um seja devoto de ideias postas em prática pela extrema-direita e o outro, seguidor de projetos da extrema-esquerda, ambos se assemelham em seus objetivos. O episódio da prisão de Queiroz trouxe uma série de coincidências que aproximam Bolsonaro de Lula. Basta lembrar que Queiroz foi preso em um sítio de Atibaia, pertencente ao advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef. A poucos quilômetros dali, também em Atibaia, fica o sítio que Lula usava como seu, mas que estava em nome do amigo de seu filho Lulinha. A diferença, neste caso,  é que Lula foi condenado à prisão por usar  o sítio de Atibaia, enquanto Bolsonaro não  foi acusado de mandar seu advogado esconder o ex-assessor do filho Flávio.

Guarujá

Antes de se esconder em Atibaia, Queiroz esteve confinado em um apartamento de Wassef no Guarujá, a poucos quilômetros do tríplex de Lula na mesma praia. A diferença é que Lula foi condenado à prisão por ter recebido o tríplex como propina de contratos da Petrobras, enquanto Bolsonaro não foi acusado de mandar Wassef ocultar o ex-assessor.

Land Rover

Quando era deputado, Bolsonaro comprou uma Land Rover da empresária Cristina Boner, ex-mulher de Wassef, que ganhou R$ 41 milhões em contratos com o governo agora. Quando Lula foi presidente, também havia uma Land Rover. Silvio Pereira, secretário do partido, ganhou um veículo dessa marca de presente de uma empresa que operava com a Petrobras.

Veto de Bolsonaro

Divulgação

A presença do deputado Alexandre Frota na coordenação da CPMI das Fake News foi vetada por Bolsonaro. Ele foi considerado persona non grata do bolsonarismo na CPMI depois de denunciar parlamentares e blogueiros ligados ao “gabinete do ódio” do Planalto. Mas há males que vem para o bem. Frota pode agora se dedicar à votação do PL 2824, que vai salvar o esporte da crise. Ele é o relator da matéria.

Rápidas

* A nova Lei das Fake News virou cabo de guerra na Câmara, que prepara-se para votar a lei aprovada no Senado. Deputados, como Joice Hasselmann, querem penas duras para quem usar notícias falsas nas redes, enquanto os bolsonaristas desejam impedir que a lei passe.

* Filipe Barros (PSL-PR), por exemplo, diz que a lei fere a liberdade de expressão, mas a maioria acha que os bolsonaristas querem mesmo é continuar usando as redes para ataques e ainda ganhar dinheiro com isso.

* Bolsonaro está roubando o bolsa-família de Lula, ao criar o Renda Brasil. Lula roubou o vale-gás, o bolsa-escola e o bolsa-alimentação de Fernando Henrique Cardoso para criar o bolsa-família. Nada se cria, tudo se copia.

* O presidente não se emenda. Vetou o projeto que exige o uso de máscaras em igrejas, comércios e escolas. Ou seja, recomenda que as pessoas se contaminem. Ainda bem que os governadores não seguirão essa desfaçatez.

Retrato falado

“O foro privilegiado é uma excrescência” (Crédito:Edilson Rodrigues)

O senador Álvaro Dias disse, em live na ISTOÉ, que o foro privilegiado tem de acabar. Projeto seu, nesse sentido, foi aprovado no Senado e está há 500 dias na Câmara, mas a direção da Casa não o coloca em votação. Segundo ele, “o fim do foro privilegiado é um salto civilizatório em direção a uma nova Justiça”. Afinal, hoje mais de 55 mil pessoas têm tratamento diferenciado, o que é uma contradição: o artigo 5º da Constituição diz que somos todos iguais perante a lei.

Revolta na caserna

Que Bolsonaro gosta de conceder benesses aos militares não é novidade, mas agora está enfrentando uma tormenta
com os praças. Ele concedeu um “penduricalho” aos oficiais na forma do “adicional de habilitação”. Ou seja, o oficial
que conclui um curso e muda de patente tem direito a um aumento salarial, mas isso não foi extensivo aos subalternos. O benefício resulta num aumento de gastos para a União de R$ 1,3 bilhão por ano. Até 2024, o gasto atingirá R$ 8 bilhões anuais, ou seja, R$ 26 bilhões em cinco anos. E isso com pandemia e tudo, que reduziu salários de milhares de brasileiros. Como protesto, os praças batem panelas na porta dos palácios em Brasília.

Apagando incêndio

Para acalmar a turma, o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), que vai deixar de ser general da ativa, está se reunindo com líderes das entidades que representam os soldados, para ver o que pode ser feito para
a paz voltar às casernas. Como implica em orçamento, deputados participam das conversas.

Toma lá dá cá

Sergio Moro, Ex-Ministro da Justiça (Crédito:Divulgação)

Por que o senhor deixou o governo?
Me senti compelido a sair por conta da interferência na Polícia Federal. A finalidade da troca de comando na instituição não era nada republicana. Saí por uma questão de princípio e o presidente Bolsonaro queria que eu saísse.
O sr. recebeu a oferta de uma vaga no STF para o senhor continuar no governo?
Eu poderia ter ficado no governo, aceitado a demissão de Valeixo, receitado cloroquina e aplaudido o fim do isolamento social, mas eu tenho valores dos quais não posso abrir mão. Meu lema é: faça as coisas certas, sempre.

O que achou da inclusão do seu nome entre os investigados por Aras no caso da sua denúncia de interferência na PF?
Me senti intimidado pelo procurador-geral.

Os conselheiros

Bolsonaro teve que engolir a seco os conselhos de empresários de São Paulo no almoço que realizaram no Alvorada na sexta-feira, 3. Capitaneados por Paulo Skaf (Fiesp), empresários como Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Rubens Menin (MRV) e Rubens Ometto (Cosan) pediram para que o presidente deixe de atacar as instituições, como vem fazendo.

World Economic Forum / Benedikt von Loebell

CPMF outra vez

De quebra, os empresários pediram para o presidente adotar medidas que destravem o acesso ao crédito para que as famílias possam voltar a consumir, como forma de reaquecer a economia. Paulo Guedes estava no encontro, mas em teleconferência com um outro grupo, Guedes disse que para reduzir impostos às empresas precisa reativar a CPMF. De novo?

Bangu à vista?

Ricardo Borges

As farpas trocadas entre Paulo Marinho e Flávio Bolsonaro elevaram o nível da fervura: “Melhor não pagar de gostosão com os investigadores do MPF, porque eu e você sabemos o que você fez no verão de 2018”, disse Marinho ao 01, acrescentando: “Talvez, em breve, você se junte ao Queiroz no presídio de Bangu”.