Os mercados acionários da Europa fecharam em queda nas negociações desta segunda-feira, 13, ainda sob pressão pela instabilidade financeira na Turquia, que preocupa investidores com uma iminente crise cambial no país. O índice pan-europeu Stoxx-600 registrou baixa de 0,21%, aos 385,05 pontos.

Na bolsa de Londres, o índice FTSE 100 fechou o pregão em queda de 0,32%, aos 7.642,45 pontos, enquanto o FTSE-MIB, de Milão, recuou 0,58%, aos 20.969,40 pontos. Paris registrou baixa de 0,04% do índice CAC 40, aos 5.412,32 pontos, ao passo que o índice DAX, da bolsa de Frankfurt, caiu 0,53%, para 12.358,74 pontos. O índice Ibex 35, de Madri, teve queda de 0,75%, aos 9.530,40 pontos, e o PSI 20, de Lisboa, recuou 1,62%, para 5.537,21 pontos.

Durante a madrugada desta segunda-feira, o banco central turco anunciou medidas para garantir a estabilidade financeira e “toda a liquidez necessária” para o setor bancário local. As ações tomadas, no entanto, não foram suficientes para conter as perdas ante o dólar, e a divisa americana operou ao redor de 7 liras turcas, após ter batido 7,2169 na tarde de domingo.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, fez novas declarações contra os Estados Unidos durante a manhã, acusando o país comandado por Donald Trump de “esfaquear a Turquia pelas costas”. O governo Trump, que recentemente anunciou que vai dobrar as tarifas sobre o aço e alumínio turcos, exige a libertação do pastor americano Andrew Brunson, em prisão domiciliar na Turquia. Relatos sobre a possível libertação de Brunson chegaram a ajudar os mercados no meio da manhã, mas a notícia foi negada por autoridades turcas e americanas.

As preocupações com a economia turca e uma crise da lira ainda pesam especialmente sobre o setor financeiro europeu, em meio a possíveis efeitos negativos sobre bancos da zona do euro. O cenário incerto pressionou as ações do italiano UniCredit, que fecharam em queda de 2,58%, assim como as do espanhol BBVA caíram 3,20%, enquanto o francês BNP Paribas recuou 1,05%. Os principais bancos turcos também registraram queda: a ação do Yapi ve Kredi Bankasi despencou 13,02% e a do Garanti Bank caiu 10,12% no índice BIST 100, principal da bolsa de Istambul, que fechou com recuo de 2,38%, para 92.684,55 pontos.

Para o economista Andy Birch, da consultoria IHS Markit, “na ausência de ações agressivas do banco central, a lira continuará a cair e as saídas líquidas de capital seguirão”. O analista avalia ainda que, com isso, as reservas do país cairão mais, “acabando por minar a capacidade da Turquia de financiar seu déficit em conta corrente, forçando uma correção mais substancial do desequilíbrio no final de 2018 e em 2019”.

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De acordo com o Commerzbank, os agentes também monitoraram a situação orçamentária da Itália em meio a relatos da imprensa italiana de que o primeiro-ministro do país, Giuseppe Conte, teria dito que o governo está preparando “uma série de reformas estruturais” e que teria reiterado que o orçamento do ano fiscal de 2019 será “sério, rigoroso e corajoso”. Já o vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini, teria dito que irá desfazer a reforma previdenciária “quer a UE goste ou não”.

O setor de saúde também apresentou recuo na zona do euro, depois que um tribunal nos EUA condenou na última sexta-feira a Monsanto a pagar US$ 289 milhões por causa de herbicidas supostamente ligados a um caso de câncer. A Bayer, que recentemente concluiu a aquisição da Monsanto, despencou 10,31% em Frankfurt.

Investidores ainda seguem atentos aos desdobramentos das negociações para a saída do Reino Unido da Europa, que estão previstas para serem retomadas nesta segunda-feira.


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