As bolsas europeias operam em queda nesta quinta-feira, pressionadas pela alta nas últimas horas dos juros dos Treasuries, que provocou movimento similar nos mercados de bônus pelo mundo. Declarações otimistas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, sobre a economia dos Estados Unidos reforçaram a expectativa por mais aperto monetário no país, o que pressiona as praças na Europa, em um dia sem indicadores importantes. Além disso, a questão do Orçamento da Itália segue no radar, bem como as negociações da saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit.

Às 7h (de Brasília), o índice pan-europeu Stoxx 600 recuava 0,73%, em 381,02 pontos.

O avanço dos juros dos Treasuries pode levar mais recursos aos EUA, com investidores em busca desses retornos. Além disso, porém, Chris Beauchamp, da consultoria IG, diz que investidores estavam em busca de um motivo para vender ações europeias, realizando lucros após altas recentes. Dados fortes dos EUA e as declarações otimistas do Fed deram margem para isso, comenta o analista.

Ações do setor de automóveis operam em baixa, em meio a temores de que o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adote mais medidas protecionistas. Após chegar a um acordo com o Canadá e o México, o presidente americano pode voltar à carga mais adiante contra a China ou a própria Europa, embora não tenha dado nenhum sinal claro sobre quando isso poderia ocorrer.

Por outro lado, o setor financeiro é apoiado pela alta nos retornos dos bônus, inclusive de países europeus, já que a perspectiva de aperto monetário nos EUA provocou o movimento nas últimas horas. No setor, Deutsche Bank subia 0,51% em Frankfurt, BNP Paribas avançava 0,63% em Paris, Lloyds ganhava 0,48% em Londres e Banca Monte dei Paschi tinha alta de 1,75% em Milão.

Na Itália, investidores continuam a monitorar o quadro orçamentário. O governo local desagradou os mercados ao anunciar inicialmente uma meta de déficit orçamentário superior ao desejado pela União Europeia para 2019, mas o resultado foi matizado pelo compromisso posterior de reduzir a proporção entre o déficit orçamentário e o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 e 2021. De qualquer modo, analistas têm afirmado que há o risco de que agências rebaixem em breve o rating da Itália, diante das dúvidas sobre a trajetória das contas públicas do país.

No Reino Unido, as negociações do Brexit seguem como prioridade na agenda local. Ontem, a premiê britânica, Theresa May, voltou a defender sua estratégia para o diálogo com o bloco europeu em convenção de seu Partido Conservador e pediu união interna. Ainda há muito risco, contudo, de que um acordo não se materialize, enquanto vários membros do partido ameaçam fazer uma rebelião para derrubar a primeira-ministra, ampliando as incertezas.

Às 7h10 (de Brasília), a Bolsa de Londres caía 1,05%, Frankfurt recuava 0,17% e Paris tinha baixa de 0,93%. Milão cedia 0,46%, Madri caía 0,05% e Lisboa, 0,06%. No câmbio, o euro operava em queda a US$ 1,1501, de US$ 1,1518 no fim da tarde de ontem, e a libra subia a US$ 1,2992, de US$ 1,2977 ontem.