Em dia de recuperação de commodities como petróleo e minério de ferro e de dólar em nova máxima nominal por aqui, a R$ 4,3264, o Ibovespa fechou em alta acentuada, destacando-se dos mercados do exterior, em desempenho bem mais moderado na sessão, especialmente Nova York – ainda assim, com S&P 500 e Nasdaq em novos picos históricos.

Após ter encerrado o dia anterior no menor nível desde 16 de dezembro, o principal índice da B3 interrompeu hoje série de três perdas, encerrando em alta de 2,49%, a 115.370,61 pontos, tendo oscilado entre mínima de 112.573,78 e máxima de 115.576,21 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 26,1 bilhões. No mês, o índice avança 1,42% e, no ano, perde 0,24%.

Em Qingdao, na China, o minério fechou nesta terça-feira em alta de 4,89% e os contratos do Brent para abril, por sua vez, avançaram 1,39% na ICE, a US$ 54,01 por barril, uma combinação que favoreceu as ações de commodities, em dia no qual o governo chinês pediu que as principais indústrias do país retomem a produção.

“Juntos, Petro, Vale e bancos praticamente têm peso de 50% no Ibovespa, e hoje foram bem, com o balanço do Itaú e a recuperação dos preços do petróleo e do minério de ferro na sessão”, diz Márcio Gomes, analista da Necton. Também contribuiu para o desempenho a leitura positiva sobre os dados de produção da Petrobras, divulgados ontem depois do fechamento da B3 assim como os resultados trimestrais do Itaú. Hoje, a Vale também divulgou os números de produção, referentes ao quarto trimestre e ao fechamento de 2019: no ano, em queda de 21,5% para a de minério de ferro ante 2018.

As ações do setor de siderurgia também se beneficiaram do movimento positivo nas commodities, colocando Usiminas (+6,78%) entre as líderes da sessão. Destaque também para Vale, em alta de 3,71%. Petrobras ON fechou em alta de 1,36% e a PN, de 1,20%. Entre os bancos, Itaú Unibanco PN avançou 2,30%, enquanto Bradesco ON subiu 2,73% e Banco do Brasil ON ganhou 4,50% – um conjunto de ações que ainda acumulam perdas no ano, em função da queda da Selic e da perspectiva de mudanças estruturais no setor, com a emergência das fintechs.

“O viés macro de longo prazo ainda é favorável. Tivemos uma realização de lucros mais acelerada no Ibovespa, em razão da dificuldade de mensurar os efeitos do coronavírus sobre a economia global. Houve certo exagero, que tem sido corrigido à medida que novas informações vão chegando”, diz Gomes. “O coronavírus continua a ter um efeito difícil de mensurar para a economia global, o que envolve mais volatilidade, e volatilidade implica também oportunidade, especialmente em ações e setores que oferecem desconto”, acrescenta o analista, para quem o momento é de “seletividade”.

A resiliência do investidor doméstico ao risco continua sendo um fator fundamental, na medida em que o estrangeiro permanece na ponta vendedora, com a redução dos juros por aqui praticamente eliminando o apelo das operações de carry trade. No mês de fevereiro, até o dia 7, os estrangeiros retiraram R$ 5,594 bilhões da bolsa e, no acumulado do ano, acumulam saldo negativo de R$ 24,752 bilhões na B3.

Nesta terça-feira, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que uma vacina contra o coronavírus pode ficar pronta em 18 meses, mas não deu detalhes sobre pesquisas clínicas. Em audiência na Câmara de Representantes dos EUA, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou que a economia americana apresenta um desempenho vigoroso e “não há razão” para que o bom ritmo de expansão do país não seja mantido.