LA PAZ, 15 NOV (ANSA) – O novo governo da Bolívia cancelou uma parceria com Cuba e anunciou o retorno de 725 “funcionários de cooperação” que atuavam no país.   

Os cubanos haviam desembarcado em solo boliviano na gestão do ex-presidente Evo Morales e forneciam assistência médica e educacional em zonas carentes, mas terão de voltar a Havana.   

“Tive uma longa conversa com o chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, em termos muito respeitosos, até amistosos. Eles vão retirar a partir desta sexta [15] 725 cidadãos cubanos que cumprem funções de cooperação em diferentes áreas”, disse a ministra das Relações Exteriores da Bolívia, Karen Longaric.   

A medida é semelhante ao rompimento da parceria entre Cuba e Brasil no programa “Mais Médicos”, que ocorreu ainda no final da gestão Temer, mas já em função da vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.   

Apesar do cancelamento do acordo, Longaric garantiu manter relações de “respeito” com Cuba. A chanceler foi nomeada no último dia 13 pela autoproclamada presidente Jeanine Áñez, que era segunda vice-mandatária do Senado e assumiu o poder após a renúncia de Evo e de todos os que estavam na linha sucessória.   

O ex-presidente, que recebeu asilo no México, era acusado de fraudar as eleições de 20 de outubro e chegou a convocar um novo pleito para tentar se manter no poder, mas não resistiu aos protestos populares liderados pelo fundamentalista cristão Luis Fernando Camacho nem às pressões da Polícia e das Forças Armadas.   

Apesar da crise, o Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo, vem mantendo negociações com o novo governo para pacificar a situação e conseguiu eleger os presidentes da Câmara e do Senado.   

Áñez disse que o MAS poderá disputar as próximas eleições, que, por norma constitucional, devem ser convocadas em até 90 dias, mas desde que Evo não seja o candidato. “Ele sabe que deverá responder à Justiça, há muitas acusações de corrupção em seu governo”, afirmou a presidente nesta sexta, acusando seu antecessor de “fugir” para escapar dos tribunais. “Se o presidente Morales quiser voltar, que volte, mas saiba que responderá à Justiça”, ameaçou. (ANSA)