O Ministério da Saúde da Bolívia autorizou nesta quarta-feira (13) o uso de um antiparasitário, frequentemente administrado em animais, para o tratamento da COVID-19, após médicos locais reportarem resultados efetivos do medicamento ivermectina.

O ministro da Saúde, Marcelo Navajas, disse ao canal de televisão Unitel que uma circular foi emitida “para que todos tenham a possibilidade de importar e usar o produto em diferentes doses”.

Navajas deixou claro que “o medicamento não possui validação científica contra o coronavírus”. Sua administração deve ser realizada sob “consentimento informado”, ou seja, “o paciente deve saber que está usando um produto que não foi testado para esta doença”.

O uso deve ser feito “sob protocolo clínico e médico, isso não significa (autorização para) automedicação”, acrescentou.

O uso de ivermectina foi relatado nos últimos dias especialmente por médicos de Santa Cruz (leste) e Beni (nordeste).

Com a divulgação das primeiras informações sobre o medicamento, disponível em comprimidos, o mesmo passou a ser procurado em farmácias e no mercado informal, onde seu preço por unidade aumentou cinco vezes, de 10 para 50 bolivianos (de 1,4 para 7,0 dólares).

“Este remédio é de fácil administração e muito barato, pode ser utilizado em todo o território nacional; o medicamento elimina esse organismo (coronavírus) do corpo em cinco dias”, disse o médico Erland Vaca Diez na segunda-feira.

Diez admitiu, porém, que não foi possível determinar sua eficácia em 100% dos casos de COVID-19.

O diretor nacional de epidemiologia, Virgilio Prieto, destacou que a ivermectina “é um antiparasitário de uso preferencial na medicina veterinária, mas que já foi utilizado em algumas parasitoses humanas”.

O presidente da Faculdade de Medicina de La Paz, Luis Larrea, pediu cautela: “Vamos aguardar os testes clínicos, até que estudos possam ser realizados no país, não vamos brincar com automedicação”, disse ele.

Até o momento, a Bolívia registrou 2.964 infectados por coronavírus e 128 mortos. O país está em quarentena desde 17 de março até o final de maio.