Por Leika Kihara

TÓQUIO (Reuters) – O Banco do Japão (BoJ) deve manter seu grande programa de estímulo na reunião de sexta-feira e se concentrar nos riscos que a crise na Ucrânia representa para uma frágil recuperação da economia japonesa. Dessa forma, o BoJ deve reforçar expectativas de que continuará a ser ponto fora da curva em meio a uma mudança global em direção a uma política monetária mais apertada.

Embora a inflação deva se aproximar ou até superar a meta de 2% do BoJ nos próximos meses, o banco central não está disposto a retirar seu estímulo, pois vê o recente aumento de preços impulsionado pela energia como transitório e também como uma possível ameaça a uma economia que só agora se recupera da pandemia do coronavírus.

O presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda, provavelmente enfatizará sua decisão de sustentar um enorme apoio monetário até que a alta da inflação seja acompanhada por um forte crescimento salarial.

“Não acho que o Japão esteja em uma condição em que a inflação atinja 2% de forma estável, mesmo quando o impacto dos cortes nas tarifas de telefonia celular diminuir e os preços da energia subirem ainda mais”, disse Kuroda ao parlamento japonês nesta quinta-feira.

Em uma reunião de dois dias que termina na sexta-feira, o banco central deve manter sua meta da taxa de curto prazo em -0,1% e a de rendimento de títulos de dez anos em torno de 0%.

O tom “dovish” (flexível em relação à inflação) do BoJ estaria em forte contraste com o Federal Reserve, que elevou sua taxa de juros na quarta-feira pela primeira vez desde 2018 e estabeleceu planos para um aperto monetário agressivo para combater a inflação crescente.

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