Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

‘Boi de piranha’: como advogados de réus viram pedido de Gonet sobre cartão de vacina

Defensores que atuam no processo do golpe de Estado viram estratégia de Gonet ao pedir arquivamento, acolhido por Alexandre de Moraes

Fellipe Sampaio /STF
Procurador-Geral da República, Paulo Gonet Foto: Fellipe Sampaio /STF

Advogados de réus do processo por tentativa de golpe viram estratégia de Paulo Gonet por trás do pedido de arquivamento da investigação contra Jair Bolsonaro por fraudes no cartão de vacinação dele contra Covid-19. O ex-presidente havia sido indiciado pela Polícia Federal por supostos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público.

O PGR disse, no entanto, que o caso estava lastreado somente na delação premiada de Mauro Cid, sem provas de que ele agira a mando de Bolsonaro na falsificação dos cartões. Por esse motivo, não haveria base para uma denúncia criminal ao STF. O entendimento de Gonet foi acolhido por Alexandre de Moraes, que encerrou o caso nessa sexta-feira, 28.

Advogados do caso do golpe viram no movimento de Gonet uma tática para fortalecer a acusação sobre as articulações golpistas, já acolhida por unanimidade na Primeira Turma do Supremo.

Para os defensores, os relatos de Cid sobre os dois casos carecem de provas, mas o PGR escolheu sacrificar um para mostrar que, no outro, a história é outra.

“Gonet usou a estratégia do boi de piranha”, disse reservadamente um advogado — uma alusão aos boiadeiros que atravessavam boiadas inteiras por rios infestados de piranhas depois de abrirem mão de um boi, fraco ou doente, que era devorado pelos peixes.